Falta de bilhetes trama seleções
É o Governo que controla as viagens e os problemas repetem-se
Desde 2017 que equipas de boxe, voleibol ou desporto adaptado chegam atrasadas às competições ou nem sequer participam por falta de recursos. Êxodo das companhias aéreas torna tudo mais difícil
No mês passado, a dupla venezuelana de voleibol de praia feminino, Gabriela Brito e Norisbeth Agudo, faltou à primeira prova do ano organizada pela confederação sul-americana da modalidade. Foi a sexta vez que as atletas deram “forfait”e,comotal,ficaramimpossibilitadas de participar na próxima edição dos jogos Pan-Americanos. Porquê? A jornalista Fabiana dos Reis, do “Diario Primicia”, explica. “Tudo depende do Governo, do Ministério do Desporto. São eles que têm de tratar de todas as viagens dos atletas nacionais”, afirmou, com outros exemplos de um problema que já se verifica desde 2017: “A equipa de basebol falhou a repescagem para os Pan-Americanos. O boxe, no ano passado, perdeu o torneio de qualificação para os Jogos Centro-Americanos. Em 2017, a seleção masculina de voleibol chegou com um dia de atraso ao Mundial e perdeu o primeiro jogo .” Alista de atrasos e faltas prossegue noutras modalidades, como nas seleções femininas de boxe e vólei, na esgrima, no softbol ou no desporto adaptado, com os atletas a ficarem por várias vezes retidos nos aeroportos à espera de uma solução.
A situação explica-se, em parte,pela espécie de“bloqueio aéreo ”: dezenas de companhias reduziram as ligações ou deixaram de operar na Venezuela. Alegam falta de condições de segurança e insatisfação com o Governo por não desbloquear a conversão e repatriação de cerca de 3,7 mil milhões de dólares acumulados com a venda de ingressos. “São poucos os atletas que conseguem patrocínios privados para participarem nas provas”, completa Fabiana.
“Um bilhete para o basebol, um cachorro quente e um sumo? Quinze mil bolívares. O salário mínimo são 18 mil...” Miguel Ricardo Peña Jornalista da ADN Deportes “Há seleções que falham as provas fora do país porque o Governo não consegue os fundos para as passagens aéreas” Fabiana dos Reis Jornalista do “Diario Primicia”