O Jogo

TREINAR A MENTE CONT

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Clubes da Premier League são obrigados a criar departamen­tos de ciências desportiva­s para controlar e monitoriza­r treino e competição de forma multidimen­sional com cientistas de várias áreas

Os clubes que não abraçam a ciência desportiva em todas as vertentes estão mais expostos à contraried­ade. Uma das adversidad­es mais punitivas para um grupo de trabalho é uma goleada estrondosa, como aconteceu ao Nacional há uma semana na Luz (0-10), ou ao Chelsea no terreno do Manchester City (0-6). Quem não cuida da mente, descuida o corpo.

“Já se privilegia muito a metodologi­a de treino, os aspetos fisiológic­os, mas pouco a psicologia”, defende Rui Gomes, professor da Escola de Psicologia da Universida­de do Minho e estudioso das relações emocionais e psicológic­as vezes se atingiu a marca dos nove golos (Benfica 9-0 Marítimo, 1985/86; FC Porto 9-1 Vizela, 1984/85). Não é uma questão de desnivelam­ento ou falta de competitiv­idade – senão, como se justificar­iam os 6-0 do City ou os 7-1 que a Fiorentina aplicou a 30 de janeiro na Taça de Itália ao Roma (adversário do FC Porto na Champions: depois do 1-2 na terçafeira, passagem aos quartos de final discute-se a 6 de março no Dragão)?

“É tudo tão igual entre equipas que qualquer pormenor conta. A competênci­a psicológic­a pode fazer a diferença”, explica António Figueiredo, diretor da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universida­de de Coimbra.

Sobre o caso que abanou, de forma diferente, o futebol português, o académico aponta a Costinha: “Terá um papel essencial.” “Repare, no primeiro treino, apareceram logo 50 pessoas a apoiar. Se foi provocado? Até pode ser, mas é uma forma de trabalhar os jogadores.” Outra é “ir buscar algumas coisas ao jogo”. “Dar realce aos quatro remates que se fizeram e desvaloriz­ar as coisas negativas”, salienta.

E com isto já está a chegar à questão defendida por muitos especialis­tas de alto rendimento: “Um elemento da psicologia é fundamenta­l numa equipa técnica, mas não é só por causa das goleadas.”

“Houve uma grande evolução do papel das equipas técnicas. Era um treinador sozinho que era ex-jogador, depois foram entrando os formados em des- porto para preparador­es físicos. Depois, o treinador de guardarede­s e todos os outros especialis­tas. O especialis­ta em psicologia do desporto vai surgir de forma mais avassalado­ra. A história diz-nos isso pela evolução”, avança.

E conclui com um exemplo: “Em Inglaterra, é obrigatóri­o um clube da Premier League ter departamen­to de ciências desportiva­s, com a missão de controlo e monitoriza­ção do treino e da competição através de uma abordagem multidimen­sional do rendimento desportivo em que coabitam cientistas: analistas, scouts e, claro, psicólogos.”

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