O Jogo

REINVENTAD­O LEÃO ENGOLE CANDIDATO

INOVAÇÃO Keizer surpreende­u com 3x4x3 mandão e Abel não encontrou fórmula para contrariar ascendente em toda a linha de um Sporting com nervo e arte

- Textos MÁRIO DUARTE

Sem centrais esquerdino­s, a adaptação de Borja ao eixo deu o mote para uma reconfigur­ação que deu novo crédito a um leão que provou ontem não estar moribundo. Braga vê fugir o topo da classifica­ção Era num admirável mundo novo que se disputava o Sporting-Braga que ontem teve lugar em Alvalade: os leões só haviam ganho por uma vez (ao Feirense) desde a última vez que tinham defrontado os ar sena listas, acumulando desde então três empates( como próprio Braga e o FC Porto, na Taça da Liga, triunfando no desempate por penált is) e com o V. Setúbal, logo após essa conquista, e tinham sido vergados nos dois dérbis com o Benfica e na receção ao Villarreal; recebiam a equipa da Cidade dos Arcebispos, que triunfaram nos três jogos que entretanto disputaram, com sete pontos de atraso e arriscavam ver dilatada a desvantage­m para um fosso de uma dezena de pontos. Para todos os efeitos, na atual conjuntura e por força dos números, o Braga chegava a Alvalade com ascendente sobre os da casa. A questão é que foi neste contexto adverso, neste admirável mundo novo em que já esgotara o crédito de uma entrada fulgurante, com sete triunfos consecutiv­os e trinta golos marcados, e mesmo um troféu conquistad­o em plena quebra de rendimento, que Marcel Keizer reinventou o Sporting e apanhou de surpresa um Abel Ferreira que nunca havia perdido em Alvalade.

Já sem Nani, emigrado nos Estados Unidos, e ainda sem Mathieu, o técnico holandês não se fez rogado e ousou apostar num 3x4x3 desenhado com Ilori descaído na direita do eixo defensivo, Coates a mandar pelo meio e um adaptado Borja sobre a esquerda; Ristovski tomava conta do corredor direito, subido, e Acuña do esquerdo, enquanto Gudelj varria o meio e Wendel transporta­va e construía; na frente, Bas Dost tinha o apoio direto de Bruno Fernandes e Diaby.Foi,n uma primeira instância,n alinha de quatro a meio-campo, que o Sporting ganhou ascendente sobre o Braga, aniquiland­o toda a capacidade dos arsenalist­as em construir jogo: os visitantes com Paulinho e Dyego Sousa na frente, Fransérgio e Claudemir no meio, Esgaio na direita e João Novais sobre a esquerda simplesmen­te não conseguiu criar jogo na primeira parte, período no qual o Sporting chegou à vantagem com um golo de livre direto de Bruno Fernandes. E só houve Braga na segunda parte, quando o Sporting já alargara a vantagem para 2-0, por Bas Dost, de penálti a punir derrube de Diaby na área, porque o Sporting deixou. Os leões tiraram o pé, passaram a gerir e a articulaçã­o do trio mais recuado chegava para pôr cobro às investidas dos visitantes.

De referir ainda que não se esgota na variante tática a metamorfos­e do leão. Em termos de atitude, articulaçã­o, intensidad­e e criativida­de foi também um “novo” Sporting aquele que surgiu ontem em Alvalade. Do risco de ficar a dez pontos do terceiro, saiu do embate de ontem a quatro pontos do pódio. O Braga tropeça na perseguiçã­o à liderança, mas mantém vivas as aspirações de lutar pelo título –, no limite, pelo acesso à Champions. Tudo em aberto.

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Ricardo Ryller e Idrissa Doumbia foram a jogo
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