O Jogo

Florentino Ibrain Morris Luís

- Jacinto Lucas Pires

Escrevo aqui o nome do futuro, caros amigos. Também será “Félix” e “Ferro” e “Rúben” e “Gedson”, claro, mas hoje vai “Florentino”. O craque cerebral do nosso meiocampo marcou um golo em Moreira de Cónegos – uma preciosida­de de leitura e tempo, o gesto raro de uma chuteira esperta – e, além disso, tem um nome que é um poema. “Florentino Ibrain Morris Luís.” Um nome que permite todas as combinaçõe­s, não é?, como uma equipa bem treinada, bem posicionad­a. Um nome que podia começar em qualquer sítio e acabar em qualquer sítio, como um jogador que esconde a bola até ao ultimíssim­o momento. Um nome que é uma alegria.

No domingo passado, depois de João Félix, Andreas Samaris e Rafael Silva terem feito o gosto ao pé, foi a vez de o nosso miúdo dos cortes cortar a fita do seu primeiro golo na equipa A. Entrou e, cinco minutos depois, plim, inventou aquela bola por trás, ou pela frente?, do defesa do Moreirense. Perdoem-me se insisto, queridos leitores: este é daqueles golos que, por não ser “espetacula­r”, pode passar despercebi­do. Houve sorte no ressalto, é verdade – foi chaplinesc­a a maneira como a bola bateu contra uns e outros na área do Moreirense –, mas o toque de Florentino é um achado. Tão discreto quanto genial. Um golo de, digamos, filósofo contorcion­ista. Com artistas destes, o futuro, sim, há de ser feliz para o Glorioso. (E se o futuro pudesse chegar já daqui a sete ou oito jornadas…)

O que me leva a outra questão. Conhecem a parábola do príncipe jovem e rico, mas infeliz, que todos os dias pensava: “Um dia, mudo de vida” e todos os dias falhava o propósito dizendo: “Amanhã, fica para amanhã”? Então já sabem como é que acaba: só quando o príncipe se vê aos caídos, velho, pobre e doente, é que se decide a mudar de vida. Na política, também se vê muito disso, não é? Quando os ciclos económicos estão no lado bom da curva – quando as proverbiai­s vacas estão gordas –, é que se devia avançar para as grandes reformas. O normal, infelizmen­te, é que só se vem defender tais verdades retrospeti­vamente, quando o ciclo está cabisbaixo e as vacas já escanzelar­am. Desculpem-me o desvio, caros amigos, não esqueci que estou numa página desportiva. O que quero dizer é que o Benfica devia mudar agora – em alta. Encontrámo­s um supertrein­ador para a próxima década e temos o futuro garantido. É altura de mudar de presidente.

O Benfica devia mudar agora – em alta. Encontrámo­s um supertrein­ador para a próxima década e temos o futuro garantido. É altura de mudar de presidente

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Descalço na Catedral

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