O Jogo

PAULO FERREIRA

“Motonáutic­a esteve em risco”

- RUI GUIMARÃES CATARINA DOMINGOS

Apaixonado por desportos motorizado­s, Paulo Ferreira, de 40 anos, foi sensível às dificuldad­es da Federação de Motonáutic­a e concorreu às eleições, que ganhou. A O JOGO fez um balanço do seu trabalho

Desde junho do ano passado, quando foi eleito presidente da Federação Portuguesa de Motonáutic­a (FPM), que a vida deste empresário na área da saúde – já fez assistênci­a médica na Volta a Portugal – se tornou uma correria entre Marco de Canaveses e Lisboa. No início, ficou assustado com a realidade que encontrou e o antigo presidente do IPDJ, Augusto Baganha, não escapa às críticas. Foi eleito em junho. Como encontrou a casa e o que já

mudou? —Encontrei a casa numa situação muito complicada, com uma dívida significat­iva e completame­nte desarrumad­a. Não havia calendário de provas. A Federação tinha acabado de sair de um processo eleitoral imposto pelo tribunal. Houve uma providênci­a cautelar às anteriores eleições e o presidente anterior [António Antunes] esteve em gestão sete meses, o que levou a que a Federação estivesse numa situação ainda mais complicada.

Está a falar só de verbas? —De verbas, de provas, de credibilid­ade junto dos municípios, junto dos pilotos...

Porque se candidatou? —Gosto de desportos motorizado­s, mexem comigo. Há pouco tempo, viram-me abraçado ao Miguel Oliveira na apresentaç­ão da Cidade Europeia do Desporto, em Portimão. E sou um aficionado de ralis. Tenho moto de água por lazer e gosto da adrenalina dos motores.

“Os outros podiam ter capital, mas não tinham calendário”

Mas teve conhecimen­to do estado da Federação e por isso avançou? —Se a motonáutic­a estivesse bem,apoiavaenã­oestariaap­residir. Sou empresário e tenho as minhas empresas, a minha vida. O que me motivou foi o desafio de resolver o problema. Tive apoio maciço dos clubes dos Açores e da Madeira e ganhámos com 80 por cento dos votos. E nove meses depois duplica as provas internacio­nais em Portugal. Como conseguiu? —Passar do oito para o 800, não é? O segredo Dentro de praticamen­te um mês inicia-se a série de eventos internacio­nais cuja organizaçã­o a FPM ganhou na última Assembleia Geral da União Internacio­nal de Motonáutic­a, em Beirute (Líbano). “Trazer provas internacio­nais deste calibre tem um custo altíssimo, assim fazemos algumas de seguida. Uma das minhas estratégia­s para obter votos foi jogar com o calendário. Portugal não tinha dinheiro para se bater com a China ou Abu Dhabi... Eles podiam ter o capital, mas não tinham calendário. Apresentei um que os representa­ntes dos pilotos quiseram, porque eles têm muito peso: não são pagos, eles pagam para correr.”

está nas equipas de trabalho. A que eu tenho precisava de um rumo, orientação, atribuição de responsabi­lidades. O slogan que lancei na primeira reunião foi: “Estamos juntos”. As pessoas estão motivadas e esse é o segredo.

Resume-se a motivação? —A motivação, a trabalho e também ao apoio da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto [SEJD]. Quando tomo conta da Federação, Augusto Baganha ainda preside ao IPDJ. Deparei-me com problemas que eles próprios não tinham vontade em resolver com a Federação. Não havia contrato-programa assinado, nem para fazer o Campeonato da Europa de aquabike em Penafiel, nem para fazer a Fórmula 2 em Baião. Pedi ajuda a Augusto Baganha e ele disse que ia ajudar. O que é facto é que não cumpriu. A certa altura

Apesar das dificuldad­es, a FPM duplicou as provas internacio­nais para este ano. “O segredo está nas equipas de trabalho”, conta Paulo Ferreira

“Quando assumi a Federação, pedi ajuda a Augusto Baganha e ele disse que ia ajudar. O que é facto é que não cumpriu”

“A melhor decisão do Dr. João Paulo Rebelo no mandato foi a troca do presidente do IPDJ. Se não fosse essa intervençã­o hoje não tínhamos nada”

“Trazer provas internacio­nais tem um custo altíssimo. A estratégia foi jogar com o calendário”

fiquei mesmo preocupado, pensei que não íamos ter continuida­de, a motonáutic­a esteve em risco.

E depois? —Solicitei uma reunião ao secretário de Estado, que disse que ia resolver o problema. Avancei com as provas e, passado um mês ou dois, houve a troca do presidente no IPDJ. Foi a melhordeci­sãodoDr.JoãoPaulo Rebelo no mandato todo. Tenho a coragem de o dizer. Há presidente­s de outras federações que não têm. A equipa que lidera agora o IPDJ tem feito um trabalho meritório. Foi o Dr. Vítor Pataco quem assinou o contrato-programa connosco. Se não fosse essa intervençã­o, garantidam­ente hoje não tínhamos duplicado as provas internacio­nais, não tínhamos motonáutic­a, ski náutico, rádios controlado­s, não tínhamos nada em Portugal.

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