O ouro sobre a catástrofe
É ponto de honra para o Sporting voltar ao Jamor um ano depois do drama, mas desta vez para vencer. Varandas prometeu sucesso quando, recém-eleito, mostrou a medalha... da vergonha
Dérbi da Taça de Portugal tem significado especial para além de dar acesso a uma final: quem ficou após a tempestade quer fechar, definitivamente, a página suja com lágrimas. Negra tarde a 20 de maio de 2018
É contagiante a vontade que presidente, dirigentes, equipa técnica, jogadores e staff do futebol do Sporting têm de fechar definitivamente uma página suja de lágrimas, aquela que se viveu na fatídica tarde de 20 de maio de 2018, no Jamor, e que nada mais foi do que o culminar da uma das semanas mais negras da história do clube. A final da Taça perdida (1-2) frente ao Aves, menos de uma semana a pó soa ta queàAc adem ia,é hoje uma memória triste, mas também a base de um pacto promovido por Frederico Varandas e que, agora, todos esperam que acabe... em festa.
Na madrugada de 9 de setembro, minutos após ser conhecido o43.ºp residente do Sporting, o líder foi ao bolso direito do seu casaco, puxou da medalha de finalista vencido – então recolhida como diretor do corpo clínico – e explicou que depois da decisão a favor do Aves nunca mais teve coragem de olhar para a prata; prometeu, também, tudo fazer para que o caminho do leão fosse de ouro, por exemplo, comum título de campeão nacional que, pelas contas, dificilmente chegará nesta época (o Sporting está a oito pontos da liderança). É lá que quer chegar, é esse um dos seus objetivos primordiais para este mandato, mas antes quer libertar os adeptos do grito que adiaram, ultrapassando o Benfica, na quarta-feira, e garantindo um lugar na final de dia 26 de maio – mas agora para vencer.
Quem viveu o drama e ainda veste de leão ao peito (Salin, Ristovski, Coates, Mathieu, Petrovic, Battaglia, Wendel, Acuña, Bruno Fernandes e Bas Dost) pensa exatamente da mesma forma que o presidente; sabe O JOGO que ao longo do percurso da equipa na prova rainha todos estes nomes – e outros tantos da estrutura – têm contagiado os restantes a irem buscar todas as suas forças para, a partir das 20h45 de quarta-feira, proporcionarem aos mais de 40 mil adeptos que reservaram estada em Alvalade uma noite de glória, após a desvantagem (1-2) que saiu do jogo na Luz.
Depois de turbulência, demissões, destituições, divisões e eleições, o futebol quer reunir tudo e todos em torno de uma só causa, talvez a mais importante e significativa de toda a temporada. E, em termos práticos, estar no Jamor dará aos verdes e brancos a oportunidade de conseguirem o segundo título num ano desportivo de retoma, depois de vencerem a Taça da Liga.