José Mourinho garante que este é o jogo do ano para o Sporting
Batidos: no Sporting, francês e uruguaio somam 5766' lado na linha recuada Coates e Mathieu têm, juntos, mais 803 jogos oficiais que Rúben Dias e Ferro, mas experiência, dizem os especialistas, não é determinante. Momento do Benfica beneficia os “caçulas
André Cruz gosta de centrais tranquilos, velozes e com boa impulsão; Ricardo Rocha lembra exuberância que reina na Luz. Há muito tempo, desde o Seixal
Dupla do Sporting tem maior bagagem, muitos mais (19) títulos nos seus palmarés, mas André Cruz e Ricardo Rocha não acham os números decisivos. Conjuntura e qualidade – eis os fatores essenciais
A 3 de agosto de 2002, um jovem promissor chamado Jérémy Mathieu fazia a sua estreia oficial na Ligue 1, pelo Sochaux, ao entrar perto dos 90’ num empate sem golos diante do Sedan. Tinha 18 anos e mal sabia que iria construir uma carreira recheada de sucessos, subindo à montanha em Barcelona, onde ganhou campeonatos, taças do rei e levantou a ambicionada Champions; em agosto de 2002, Rúben Dias e Ferro, ambos nascidos em 1997, olhavam para a bola como um brinquedo e ainda longe da inocência dos seus cinco anos vivia o objetivo de um dia fazerem vibrar a Luz de águia ao peito. Onde é que isto nos leva? Primeiro à enorme diferença de idades que existe aquela que hoje é a dupla de centrais das águias em relação a Mathieu; segundo, para o dérbi de quarta-feira e para outra questão: por serem (muito) mais novos que o francês (35 anos) – e até do que Coates (28 anos) – os dois caçulas (Rúben Dias tem 21 e Ferro 22 anos) entram na segunda mão das “meias” da Taça a perder por falta de experiência? O JOGO já lhe explica, mas a resposta é... um “não”.
Pedimos auxílio a quem tem “futebol” a correr-lhe no sangue, como André Cruz e Ricardo Rocha, ex-centrais de Sporting e Benfica, respetivamente. Com mais 803 jogos oficiais em primeiras divisões do que a parelha encarnada, seria, à primeira vista, de dedução lógica que a experiência puxaria a tranquilidade para o lado de Mathieu e Coates. Só que a experiência não chega e essa é a contundente conclusão que tiramos desta análise.
“Ter centrais experientes ou jovens é relativo”, atira um dos nossos convidados – André Cruz –, que concretiza :“Quando observo um jogo, observo a qualidade, a tranquilidade, a velocidade, a impulsão e a personalidade de um defesa, seja ele jovem ou tenha ele mais experiência. Também analiso
o sistema defensivo, ou seja, não olho só para a defesa, pois quando se perde a bola lá na frente, os primeiros defesas são os avançados. Mas há mais do que isso. Não considero que a experiência seja uma vantagem tão grande, porque importa, também – e muito – o momento que as equipas vivem. Hoje, o Benfica está numa situação melhor, depois de tudo o que aconteceu com o Sporting no anop assado eé natural que isso ajude os jovens que entram a darem uma resposta muito mais rápida.”
Percebeu? Para um dos pilares dos dois últimos títulos do Sporting, a idade já não manda; manda a qualidade de quem joga e, sobretudo, o contexto onde estão inseridos. Ricardo Rocha, central do Benfica entre 2002 e 2006, partilha da mesma opinião. “Claro que ter experiênciaé sempre importante, mas olhando para o jogo, também é importante o momento da equipa e a confiança com que os jogadores partem par adentro de campo ”, adiantouo internacional português, lembrando algo que para si também deve entrar na equação: “O Mathieu e o Coates têm muitos jogos juntos no Sporting [67, num total de 5766 minutos], mas o Rúben Dias e o Ferro jogam juntos desde a formação. Ambas as duplas conhecem-se bem. Uma tem mais anos de futebol; a outra tem juventude, exuberância, disponibilidade e conhecimento.”
Rocha tem razão: Rúben e Ferro jogaram 60 lado a lado, entre Benfica, “bês” e seleções jovens. Fora as duplas que formaram na “cantera” da águia.