A prática também conta
Selecionador Fernando Santos falou do “Ser Campeão Europeu”, mas a sua intervenção também se virou para a necessidade de se alterar o atual modelo de certificação dos treinadores
A Argentina tem Messi e “não ganha nada”, atirou o engenheiro, apesar de reconhecer a importância da individualidade. Já Jorge Braz admitiu que “com dez Ricardinhos safava-me sempre”
Os selecionadores Fernando Santos e Jorge Braz deram o pontapé de saída no Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, em Portimão, abordando o tema “Ser Campeão Europeu”, num painel moderado por Henrique Calisto. Questionado sobre o processo de certificação dos treinadores portugueses, considerado demasiado longo, o selecionador assegurou que a ANTF “está atenta a essa realidade, onde é preciso ter atenção ao período de experiência do que é o conhecimento do jogo”.
“Isso deve ser equacionado e ponderadonaformaçãoglobal dos treinadores, porque há os que vêm da faculdade já com uma área de conhecimento de maior nível, e também os que vêm da área do futebol com outro conhecimento. Esses deviam partir de um nível não zero e, sendo assim, evitaríamostantosanosparasechegar a treinador.”
O treinador reconheceu que o seu conhecimento do jogo e o nível do treino teve origem no que foi adquirindo ao longo dos anos enquanto jogador, “aprendizagem que deve ser consolidada pelos treinadores com a aquisição de conhecimento teórico”. E para Portugal continuar a ter os melhores técnicos do mundo “temos de acompanhar a evolução na área da condição física, do treino, dos parâmetros mentais, para continuarmos a sermos dos melhores”. O facto de Portugal ostentar os títulos de futebol e futsal do velho continente foi o mote para intervenções, tendo Santosdefendidoqueteromelhor do mundo pode não bastar para se ganhar sempre. “Nós temos o melhor do mundo e fomos campeões, mas a Argentina tem o Messi, que é um dos melhores do mundo, e não ganha nada. Estrelas só no céu e ainda não vi lá nenhuma sozinha”, disse o selecionador. “O jogo é coletivo, embora a individualidade seja importante e traga vantagens. Temos de juntar ambas, porque o jogo é estratégico, mas se tudo for perfeito, as equipas anulam-se e ninguém ganha, e aí pode decidir a individualidade”, prosseguiu. Ao seu lado, Jorge Braz corroborou a ideia e acrescentou que “com dez Ricardinhos safava-me sempre”.
Futebolistas deviam partir de um nível não zero e, assim, evitavam-se tantos anos para se chegar a treinador