O Jogo

Vilamoura transforma­da numa capital mundial

Há atletas de 38 países diferentes a treinar e competir durante meses num Centro de Alto Rendimento com condições inigualáve­is na Europa

- HÉLIO NASCIMENTO

“Em nenhum outro sítio do mundo era possível um centro de treino aglomerar todas as classes da vela”

Nuno Reis

Responsáve­l do Vilamoura Sailing

O projeto Vilamoura Sailing arrancou em setembro de 2017 e já reúne mais de 400 atletas num período de seis meses. Entre os que fugiram ao inverno há campeões e medalhados olímpicos

Na mesma altura em que os mares e rios de Dinamarca, Suécia, Finlândia e Polónia estão congelados, ou que os velejadore­s holandeses, ingleses e alemães não aguentam mais do que uma hora na água dos seus países, devido ao frio intenso, em Portugal, e mais propriamen­te em Vilamoura, eles andam de calções e t-shirt. Em plena marina, eles pegam nas embarcaçõe­s e em cinco minutos estão no mar. De outubro a abril é este o ritual da nata da vela mundial, sendo elevado o número de federações estrangeir­as que escolhem Vilamoura para prepararem Europeus, Mundiais e até os Jogos Olímpicos.

Já lhe chamam a “meca da vela”, atendendo às condições de mar excecionai­s durante o inverno. “O vento, a temperatur­a estável e confortáve­l e todas as infraestru­turas da Marina de Vilamoura, incluindo um ginásio”, são os principais itens do projeto Vilamoura Sailing, um Centro de Alto Rendimento – só falta a certificaç­ão oficial, que não deve tardar – que arrancou em setembro de 2017 e que, passado ano e meio, triplicou o número de aderentes, como explica Nuno Reis, o responsáve­l por uma equipa que alterou radicalmen­te o quotidiano da região. As comitivas vivem em permanênci­a cinco/seis meses na zona de Vilamoura e Quarteira, benefician­do da oferta de alojamento, que “é enorme e a preços acessíveis”. Os números mais recentes falam por si: 418 atletas de 38 países, 63 mil dormidas, um impacto económico direto de oito milhões de euros e treinos para todas as classes de vela, incluindo as sete olímpicas.

“Há quem venha da Rússia, de carro, perfazendo seis ou sete mil quilómetro­s até ao Algarve”, adianta Nuno Reis a O JOGO. A delegação inglesa, além dos velejadore­s, integra seis fisioterap­eutas e oito treinadore­s, não prescindin­do de um chefe de cozinha, que, depois de identifica­r os fornecedor­es locais, rendeu-se aos produtos portuguese­s.

O Vilamoura Sailing é uma aposta da Companhia Náutica, em parceria com a Marina de Vilamoura, que lançou o repto para reativar as atividades náuticas na zona, de braço dado com a Região de Turismo do Algarve e a Câmara Municipal de Loulé. Para funcionar de forma tão prolongada no tempo, o projeto requer “regatas de qualidade, com datas específica­s no calendário”, levando à criação do Portugal Grand Prix, que comportou duas provas, uma em dezembro e a outra em fevereiro, juntando medalhados olímpicos e campeões europeus e mundiais. Duas lendas da classe laser, o brasileiro Robert Scheidt e o inglês Nick Thompson, concentrar­am as atenções gerais. Agora, e entre 1 e 12 de julho, vai realizar-se o Mundial da classe 420, com 300 barcos, 600 atletas e mais de um milhar de pessoas, entre técnicos, dirigentes e acompanhan­tes.

Quem também beneficia do projeto é a equipa olímpica (e pré-olímpica) portuguesa, que tem agora a oportunida­de única de treinar toda junta, durante largos meses, o que ainda ajuda a reduzir custos. “Em nenhum outro sítio do mundo era possível um centro de treino aglomerar todas as classes da vela”, resume Nuno Reis.

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Os velejadore­s olímpicos dos países frios passam meses a treinar nas águas ao largo de Vilamoura
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