TEMPO PARA A CHAMPIONS
DRAGÕES RECUPERARAM O FOCO, DEPOIS DA PEDREIRA, E ATÉ DESCANSARAM PARA LIVERPOOL
Vítor Bruno: “Acabámos a gerir e a pensar na Liga dos Campeões” Pepe: “Fomos a equipa a que os adeptos se habituaram”
Boavista alterou a sua identidade e saiu do Dragão sem incomodar Casillas. Portistas cumprem com a obrigação e ficam à espera do que o Benfica fará em Santa Maria da Feira
O FC Porto voltou a isolar-se na liderança do campeonato ao vencer um dos dérbis mais fáceis dos últimos tempos. O jogo teve sentido único, Casillas praticamente não sujou as luvas e, depois do segundo golo, Sérgio Conceição começou a pensar em Liverpool, poupando Corona, Soares e Danilo. Mas foi preciso uma bola parada, um penálti perto do intervalo, para desbloquear o jogo. Soares e Otávio marcaram, deixando a pressão toda do lado do Benfica, que só joga amanhã.
Ontem, deu para tudo porque o Boavista foi ao Dragão com a identidade trocada. Se o FC Porto começou a pensar na Champions depois do 2-0, o vizinho já entrou com a cabeça na receção ao Nacional da próxima jornada,um jogo crucial para as contas das permanência. Só assim se justificam as inúmeras poupanças entre os axadrezados que estavam à bica de amarelos.
Com uma equipa muito alterada, o Boavista foi incapaz de ligar uma jogada ofensiva, perdendo irremediavelmente a bola poucos segundos depois de a ter na sua posse. Por isso, chegou ao intervalo com apenas dois remates: um de longe e para fora, outro de livre direto. Casillas, na verdade, teve mais dificuldade para combater o frio do que os ataques dos axadrezados. Lito Vidigal, refira-se, confirmou a tendência de jogar com três centrais contra o FC Porto. Fê-lo com o Arouca e o Aves e já esta época pelo V. Setúbal. Ontem, repetiu a receita. A estratégia era declaradamente defensiva e resultou até perto do intervalo. Porém, cedo se percebeu que era uma questão de tempo até ao golo dos portistas.
Sem Felipe (castigado), Sérgio Conceição – Vítor Bruno é que orientou a equipa, mas todas as decisões foram do chefe de equipa – colocou Militão ao lado de Pepe e preferiu ter Corona na defesa do que repetir a titularidade de Maxi Pereira. Abriu-se uma vaga na frente e Brahimi voltou ao onze cinco jogos depois. Perante as duas muralhas do adversário – cinco na defesa e quatro num meio-campo bem recuado –, os dragões tinham, basicamente, três hipóteses para chegar à baliza de Bracali: usar a velocidade na circulação de bola, apostar na inspiração individual ou nas bolas paradas. E foi com a última que abriu a contagem. Tinha de ser, afinal nove dos últimos dez golos do FC Porto até então tinham nascido assim. Brahimi entrou na área e caiu quanto tentou ultrapassar Raphael Silva. Em cima do lance, Rui Costa não hesitou, oVAR confirmou a decisão e, sem Alex Telles, Soares assumiu a marcação. Bracali adivinhou o lado, mas não tinha hipóteses.
A abrir o segundo tempo, o FC Porto ampliou a vantagem num remate de meia distância de Otávio e resolveu cedo o dérbi.A partir daí, o ritmo baixou e os lances de perigo escassearam.O Boavista continuou sem dar sinais de querer chatear Casillas e o Liverpool entrou no Dragão com alguns dias de antecedência, quer na gestão com bola quer nas substituições feitas.