O Jogo

União ibérica na guerra à “Super-Champions”

As ligas de Portugal e de Espanha pisam terreno comum na oposição a possíveis mudanças futuras na Champions e que beneficiar­iam os clubes ricos

- PEDRO MIGUEL AZEVEDO

Pedro Proença, presidente da liga portuguesa, não abdica de jogos nacionais ao fim de semana e alerta para o aumento da diferença entre ricos e pobres. Já o espanhol Javier Tebas ameaça com impugnaçõe­s

O futebol europeu está numa convulsão que faz antever uma guerra da UEFA e dos clubes mais ricos com as ligas e emblemas de menor peso financeiro. Ontem, após a 38.ª assembleia geral da European Leagues (EPFL), que decorreu no Estádio da Luz, foram acertadas agulhas para uma reunião importante a 8 de maio, em Nyon, onde este grupo, que representa 900 clubes de 32 ligas europeias, promete fazer frentea ideiascomo­a criaçãode uma “Super-Champions” para os mais ricos ou a passagem de jogos da liga milionária para os fins de semana, em detrimento dos campeonato­s nacionais. Contrais toe também a favor de uma mais justa distribuiç­ão de receitas estão unidos Portugal e Espanha, cujas ligas profission­ais estiveram representa­das pelos seus líderes,Pedro Proença e Javier Tebas.

“Estamos a falar de um ataque direto às competiçõe­s nacionais em Portugal ou em Espanha. Seremos bons companheir­os de viagem, pois defendemos a mesma autonomia, os postos de trabalho e a indústria. Esteéu mata queà indústria e a liga espanhola vai bloqueá-lo, posso garantir... Já em 2016 mudaram bastante a Champions na repartição das receitas, mas esse ‘golo’ que nos marcaram não vão voltar a marcá-lo agora”, disse Javier Tebas.O líder da liga espanhola garantiu ainda que tudo fará para travar a UEFA e a Associação Europeia de Clubes (ECA). “Temos claroquenã­o vai haver essa super não sei o quê, nem reformas estranhas da Champions. Sou contra que nos obriguem a reduzir de 20 para 18 clubes na liga espanhola, sou contra um fim de semana que não seja para as competiçõe­s nacionais – seria a traição ao futebol. Também sou contra provas europeias com quatro grupos de oito ou imposição de uma classifica­ção histórica. Isso vai destroçar o futebol europeu, são modelos de bar, às cinco da manhã, de fim de festa, onde alguém diz vamos fazer isto,sem analisaros efeitos. Vamos impugnar tudo, seja em Bruxelas ou noutro local qualquer”, ameaçou o líder de La Liga.

Já Pedro Proença também vê perigos para Portugal. “A proteção das ligas nacionais é fundamenta­l, pois só com boas ligas podemos ter boas competiçõe­s internacio­nais. A European Leagues está preocupada com isso. Abdicar dos fins de semana em prol de uma competição internacio­nal é absolutame­nte desajustad­o e não ia beneficiar­em nada o futebol português, estamos absolutame­nte contra. Há uma evolução natural, mas temos de encontrar pontos de equilíbrio, no interesse do bem comum, o futebol”, disse o presidente da liga portuguesa, que antevê um “impacto nos grandes clubes portuguese­s mas também nos médios e pequenos”, pedindo entendimen­to entre os grandes lusos. “Será vital que isso aconteça. Tenho dúvidas deque alguma das equipas portuguesa­s possa estar numa futura Superliga.Temos de ver muito bem o modelo, como as receitas serão distribuíd­as, não só na forma direta mas também na forma solidária.Vamos criar pontes e encontrar um espaço comum. O impacto destas ideias da UEFA será maior, aumentando a diferença entre os clubes maiores e os restantes”, frisou.

“Tenho dúvidas de que uma equipa portuguesa esteja numa futura Superliga” Pedro Proença Presidente da Liga

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Proença, Pangl, secretário, Lars Olsson, presidente, e Colombo, diretor da EPFL

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