“Só a Taça é amargo, há que ganhar tudo”
Carlos Paredes saiu do FC Porto com uma Taça de Portugal e uma Supertaça, pelo que entende muito bem a frustração de falhar a principal competição
Nem nos deixou terminar as frases: no Dragão a vitória é inegociável. Para tal, muito ajuda a experiência de Casillas, a fazer lembrar Vítor Baía. Mourinho e Fernando Santos foram marcantes
Sair do FC Porto antes de uma fase dourada foi agridoce. Mas pior mesmo é não ganhar o campeonato... Vítor Baía era uma referência, hoje a baliza é de Casillas. A experiência destes jogadores ganha importância nos momentos em que tudo se decide? —Transmitem uma tranquilidade e uma segurança em todos os aspetos. Uma casa é feita a partir de baixo. Se o cimento é forte, o teto e as estruturas vão estar fortes. Acho que, no seu momento, o Vítor era uma base demasiado importante da casa. Casillas... que posso dizer. É um dos guarda-redes mais importantes que o futebol já viu, pelo que ganhou e pelo que continua a ganhar e a mostrar. A base do FC Porto enquanto equipa com o Casillas ali atrás é fantástica. Venceu a Taça e a Supertaça mas não foi campeão. Os adeptos cobravam muito? —É normal. O FC Porto tem de ser campeão. É normal que os adeptos reajam assim. E isso é um bom sinal, é um sinal que ao adepto interessa que o FC Porto seja sempre campeão. Se a um adepto lhe dá igual que a sua equipa seja ou não campeã, alguma coisa não está bem. E no FC Porto há uma só coisa: há que ser campeão. Em todas as modalidades. Se não és campeão, não esperes que as pessoas te atirem flores. Será sempre uma sensação amarga. Estão na luta pelo campeonato e na final da Taça. Ganhar a ta... —Há que ganhar tudo! Mas se não ganha o camp... —Há que ganhar tudo! Algum episódio com Mourinho que recorde? —Como treinador e pessoa aprendi imensas coisas que continuam a servir-me agora na minha vida normal. Foi um maestro dentro de tantos que tive; uma pessoa muito marcante na minha carreira. Ajudou-me imenso e vou estar-lhe eternamente agradecido. Conversava muito consigo? —A posição onde jogava era muito “conversável” com o treinador; era quase sempre a que mais se relacionava com
Carlos Paredes
Médio admite tristeza por ter saído sem ser campeão ele. E isso aconteceu não só com o Mourinho, com quem sempre tive uma proximidade especial. Fernando Santos foi o meu primeiro técnico na Europa e conversou muitas vezes comigo. No início as coisas não me estavam a correr bem, por causa da adaptação, do jogo mais rápido, do relvado um pouco molhado... Não estava muito habituado a isso. Os dois treinadores foram muito marcantes na minha carreira. Saiu do clube antes de uma era dourada. Isso entristeceu-o? —Sim e
não.
Vir
para
o FC Porto foi a minha maior vitória. Quando fui para Itália, começaram a ganhar tudo, mas se não tivesse vindo para aqui, não podia ter ido para Itália e seguir uma carreira que acredito ter sido aceitável. Por um lado um pouco triste, mas por outro muito mais fortalecido. Podia ter feito algo mais no FC Porto? —Nunca devemos conformar-nos e muito menos arrependermo-nos do que que fizemos. Acho que em cada jogo, em cada treino, em cada coisa que o clube decidiu fazer comigo dei o melhor.