O Jogo

DE ZERO A 100 EM 24 JOGOS

A época não podia ser sido melhor para os azuis, que garantiram a subida de escalão a seis jornadas do fim e logo com o estatuto de equipa que mais golos marca em Portugal

- RODRIGO CORTEZ

O sucesso do clube do Restelo passa por um sistema tático em 4x4x2, com lugar para dois avançados, João Santos e Tomás Castro, que não tremem quando estão de frente para a baliza

Na sequência do divórcio com a SAD, o Clube de Futebol “Os Belenenses” criou uma equipa que foi obrigada a recomeçar do zero no futebol português, leia-se, a competir no terceiro escalão da AF Lisboa. Uma prova superada com distinção pelos azuis, ou não tivessem garantido a subida a seis jornadas do fim. E mais: com nada menos do que 106 golos marcados em 24 partidas, que lhe rendem os louros de ataque mais eficaz de todas as provas oficiais em Portugal, entre Liga, FPF e as 22 associaçõe­s nacionais.

Para a incrível média atual de 4,42 golos por partida, muito tem contribuíd­o uma dupla ofensiva que se sente como peixe na água no 4x4x2 clássico com que evoluem os azuis: João Santos e Tomás Castro, que têm em comum a idade (20 anos) e também uma passagem pelas camadas jovens do Benfica, emblema que acaba por funcionar como um bom ponto de partida para se perceber como funcionam em conjunto. “Sou jogador de área. Pelas minhas caracterís­ticas, eu sou mais ‘Seferovic’”, confessa João Santos, autor de 18 golos no campeonato, seis dos quais nas duas últimas jornadas, com um póquer ao Olivais pelo meio. “Também aprecio o Falcao e o Lewandowsk­i. Essas são as minhas grandes referência­s”, conta.

Tomás Castro, por sua vez, não é tão fixo, mas até marca mais golos: 23 até ao momento, destacando-se o desempenho pessoal no mês de outubro, quando apontou oito tentos em quatro partidas. Números à Ronaldo... ou à João Félix? “Sou um médio que agora está a jogar mais à frente. Mas não digo que seja como o João Félix, porque as caracterís­ticas são sempre diferentes de jogador para jogador. No que me diz respeito, gosto de jogar com bola no pé e penso sempre em ajudar a equipa, com golos ou assistênci­as”, afirma, corroborad­o de imediato por João Santos: “Para além dos golos, ele nesta época já fez mais de vinte assistênci­as, segurament­e...”

Não há contabilid­ade feita dos passes para golo neste escalão, mas Castro diz que sim com a cabeça e responde depois, quando convidado a nomear uma referência: “É o Mes si, queéo melhor do mundo, mas gosto também de Ozil, Xavi ou Iniesta. Inspiro-me neles e às vezes, antes dos jogos, até vejo uns vídeos das suas atuações para ganhar confiança.”

A Tomás não falta ambição mas, apesar de ter estranhado a inscrição num escalão tão baixo, acabou por considerar positiva a experiênci­a: “De início custou, mas o primeiro ano de sénior é sempre complicado e qualquer jogador, quando não joga, vai-se abaixo. O mais importante é mesmo jogar. Sem jogar não temos confiança e sem confiança não somos ninguém. E nesse aspeto tem sido espetacula­r, porque temos tido minutos, as condições são ótimas e, por isso, só temos é de receber o que nos dão e transforma­r isso em trabalho. O resto aparecerá naturalmen­te.”

João Santos também encara a experiênci­a pelo lado positivo: “Temos noção de que o grau de exigência que temos aqui não é o mais elevado, não é o que desejaríam­os, mas também sabemos que, por causa disso, temos de trabalhar o dobro para podermos evoluir. E é isso que temos estado a fazer.”

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João Santos e Tomás Castro são duas máquinas de fazer golos

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