“Olhando para o lado podemos distrair-nos”
SÉRGIO CONCEIÇÃO Treinador reconhece a importância do momento e quer todos focados nos 12 pontos que restam
Ansiedade é uma sensação que o técnico não vê nem quer ver na equipa, porque considera que poderá ser prejudicial. Afinal, o campeonato chegou a uma fase em que qualquer deslize será difícil de anular
Será esta a jornada decisiva do campeonato? Será a próxima? A seguinte ou a última da prova? Sérgio Conceição recusou ontem catalogar as rondas que faltam, até porque a única certeza que possui é o que o FC Porto tem de fazer para chegar ao título: ganhar os 12 pontos que restam. A começar pelos três de hoje, com o Rio Ave. A conferência de Imprensa, de resto, girou muito à volta do embate desta noite, mas ainda houve espaço para o treinador portista manifestar apoio à decisão do Conselho de Arbitragem (CA) de tornar públicas as nomeações. “Semanalmente, há muitas telenovelas”, atirou.
Que expectativas tem para este jogo com o Rio Ave?
—Vamos encontrar um adversário que nos últimos dois jogos tem duas vitórias, frente a dois adversários que estão acima na tabela, e que está no melhor momento após a entrada do Daniel [Ramos]. A margem de erro é curta e temos de encarar este jogo com o intuito de ganhar.
Esta jornada poderá ser a mais decisiva das quatro que faltam?
—Não acredito; isso só se verá no final. Não sabemos qual será o jogo que será decisivo. O importante é estarmos focados no nosso jogo. À medida que nos vamos aproximando do final, os jogos ganham um peso diferente, porque se encurta o tempo e os jogos para recuperar um ou outro ponto que possamos perder. Mas já estamos habituados a esta pressão. Estamos a lutar por títulos desde o início do ano e já tivemos a oportunidade de ganhar um, que foi a Supertaça. Estivemos na final da Taça da Liga, apurámo-nos para a da Taça de Portugal e estamos na luta pelo campeonato. Este é o FC Porto. Gostaria de estar aqui com dois títulos, estou só com um, mas o importante é estar nos momentos da decisão. Não vale a pena estarmos a olhar para o plano teórico, porque a prática é o mais importante. Já tivemos exemplos de jogos teoricamente mais acessíveis que se complicaram e também o inverso. Depende sempre da forma como os encararmos.
É de esperar um FC porto mais fresco por ter tido uma semana inteira de preparação?
—Nunca me desculpei com o cansaço. Só falei do jogo com o Santa Clara, porque sabia que era extremamente injusto jogá-lo no limite das 72 horas de descanso. Noutras situações não me desculpei com cansaço ou jogadores lesionados. Esse calendário frenético faz parte das grandes equipas, que disputam as competições até ao fim. Mas se também queremos uma imagem boa das nossas equipas lá fora, internamente temos de perceber isso e fazer algo mais pelas equipas que estão nas competições europeias. É por isso que me bato. Não foi só em público que manifestei esta opinião, porque também já o fiz em outras ocasiões em privado.
Como se gere a ansiedade dos jogadores?
—Se vissem o que foi o prétreino, o treino e o pós-treino, veriam que isso não existe. Se tivermos esse comportamento, será prejudicial. Essa maturidade e essa tranquilidade é que, se calhar, nos farão estar felizes no final da época. Às vezes nem tudo sai bem, mas não tem que ver com o plano emocional. Em muitos momentos já demos mostras de ter um comportamento fantástico. Não há ansiedade, mas sim foco no trabalho para ganhar o jogo.
Acredita que o primeiro [dos líderes] que perder pontos também perderá o campeonato?
—Não sei. Fica difícil, porque há poucos jogos para se recuperar. Mas são todos jogos complicados. Se olharmos para o lado durante a caminhada, podemos distrairnos e ser pior a emenda que o soneto. Temos o Rio Ave, que está num bom momento, o Aves e o Nacional que lutam pela salvação, e o Sporting, que é um clássico. Temos os nossos jogos, as nossas dificuldades e vamos tentar passá-las para no fim se fazerem as contas.
“Gostaria de estar aqui com dois títulos, estou só com um, mas o importante é estar nos momentos da decisão” “Não há ansiedade, mas sim foco no trabalho para ganhar o jogo” “Era extremamente injusto jogar com o Santa Clara no limite das 72 horas de descanso” “Ainda não foram falados quem são os emprestados que regressam, nomeadamente o Sérgio Oliveira”