Um futebol cada vez mais... Petit
O futebol português tem coisas extraordinárias. Por exemplo, nas últimas 6 deslocações do Marítimo à Luz, o clube insular coleciona um brilhante “score” de 1-26. Isto para uma equipa que usualmente luta pelos primeiros 6 lugares. Já a filial benfiquista no Minho acumula 9 derrotas e um empate nos últimos 10 confrontos. O futebol português é isto, uma complexa teia de interesses, jogos de dependências, empréstimos que condicionam os clubes de menor dimensão e, sobretudo, a integridade das competições. Lembram-se das polémicas em torno das relações entre o Benfica e o Belenenses? Nesses tempos áureos, o Belenenses recebeu vários jogadores que, por curiosidade, estavam sempre indisponíveis nos confrontos com o seu vizinho de Lisboa. Recordam-se de Miguel Rosa? Pois bem, por coincidência e depois de forte polémica, não é que o clube do Restelo acumula, com Silas, resultados positivos, não tendo perdido os últimos 3 dérbis?! Coincidências que rodeiam a principal competição desportiva em Portugal e a empobrecem no contexto internacional.
A integridade das competições não pode ser desligada dos fenómenos de progressiva degradação da competitividade das competições internas a nível europeu. Com efeito, ao contrário do que sucede noutras modalidades e no continente americano, na Europa estamos a proporcionar as condições propícias para a criação de hegemonias desportivas e financeiras que trarão consigo, inevitavelmente, a morte de muitos emblemas históricos. Sem a introdução de mecanismos de compensação, a combinação dos efeitos entre a Liga dos Campeões e os direitos televisivos ditará a perda de interesse das competições internas. Talvez seja esse mesmo o objetivo.
Em Espanha, o Barcelona venceu 7 das últimas 10 edições. Em Itália, a Juventus venceu 8 campeonatos consecutivos. Na Alemanha, o Bayern venceu as últimas 6 edições, sendo que, em França, o PSG venceu 6 das últimas 10 edições da Ligue 1. A Premier League é a exceção a esta triste realidade, sendo, curiosamente, a competição que desperta maior interesse global. Com o fim da imprevisibilidade tão característica do futebol, temo bem que o caminho será a criação inevitável de uma competição exclusiva para os emblemas mais endinheirados e onde Portugal dificilmente estará representado. Neste momento assistimos a coisas tão chocantes como os adeptos preferirem que os seus clubes fiquem em 2.º lugar, em detrimento da luta por títulos noutras competições. Estamos a matar o futebol.
Não perceber estes fenómenos e não adotar medidas urgentes no quadro competitivo, nos regulamentos disciplinares, na transparência e na introdução de medidas de idoneidade para o acesso a funções de dirigente será condenar o futebol português a uma menoridade que nos condenará a sermos todos muito Petit. Uma boa medida seria batermo-nos para que o vencedor da Taça de Portugal possa ter acesso a um play-off de acesso à Liga dos Campeões, assim como um lugar europeu para o vencedor da Taça da Liga. Só há crescimento com alternância, competitividade e preservação do interesse dos adeptos.
O futsal do Sporting continua a fazer história e é a prova de que a estabilidade e a criação de um forte espírito de grupo são ingredientes essenciais para criar uma cultura vencedora. Ficamos todos à espera de que esta brilhante equipa se torne na sexta modalidade a trazer para o museu de Alvalade uma competição internacional. Um recorde que mostra bem a dimensão ímpar do Sporting Clube de Portugal.
Nota final: o Sporting venceu categoricamente o V. Guimarães, mas houve um erro clamoroso de arbitragem. O VAR tem de intervir nestes lances.
O Sporting venceu categoricamente o V. Guimarães, mas houve um erro clamoroso de arbitragem. O VAR tem de intervir