O Jogo

A má-criação não faz parte do clube

- Jorge Costa

O Sérgio Conceição é, provavelme­nte, o melhor amigo que tenho de entre os meus ex-companheir­os de profissão. Com muito orgulho. Escrevo isto como uma espécie de ponto prévio ao que vou comentar nestas colunas, sendo certo que não é a amizade que me motiva, mas sim o momento, a análise fria e distante do que aconteceu em Vila do Conde, embora sentida, porque sou portista e como portista não fiquei feliz, como não ficaram os treinadore­s, os jogadores, os dirigentes. Há vários planos para controlar um resultado favorável de 2-0. Pode haver um plano A, que é dotar a equipa de jogadores mais fortes, exigindo-lhes uma concentraç­ão mais na defensiva, como pode haver um plano B, que é dotar a equipa de jogadores com bom controlo de bola, com capacidade de posse. O plano A, aquele que o Sérgio pôs em prática, pode resultar, mas anteontem não resultou. Óliver seria um bom executante do plano B, nesse caso mantendo Corona e Brahimi, jogadores criativos, capazes de acelerar o jogo e de manterem o adversário mais acanhado para atacar. O plano do FC Porto não resultou e o empate acaba por ser fruto também de algum azar que deitou a perder todo o trabalho que a equipa tinha feito bem. O plano não resultou mas não é por isso que o Sérgio Conceição passou de bestial a besta. Infelizmen­te, há muita ingratidão no futebol, como ainda anteontem se viu no final do jogo. Como portista, não concebo certas manifestaç­ões de desagrado a roçarem a má-criação para com jogadores e treinador. Como portista, gosto de estar sempre do lado do clube, mas mais quando a equipa está passar por maus momentos. Apesar da amizade que me une ao Sérgio, sou capaz de falar muito mais com ele nas horas más do que nas horas boas, porque nestas não falta quem lhe dê palmadinha­s nas costas. O futebol não é uma ciência exata. É jogado por homens que erram e não o fazem de propósito. E os erros que eventualme­nte tenham sido cometidos neste jogo com o Rio Ave não apagam o que de bom estes jogadores já nos deram. Como portista, entendo que esta é a hora de apoiar todos os que trabalham para fazer este clube ainda mais poderoso do que aquilo que já é, à custa do sacrifício de muitos, inclusive dos verdadeiro­s adeptos, aqueles que apoiam nas horas boas e nas horas más.

Nas horas boas, não falta quem dê palmadinha­s

nas costas ao Sérgio Conceição

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