Dia de mata-mata na luta por um lugar no pódio
Miguel Pedro Este Braga-Benfica de hoje é um jogo de “mata-mata” no que respeita às aspirações do Braga de alcançar o terceiro lugar
1 Hoje é dia de um Braga-Benfica. Se todos os jogos são importantes, há alguns que são “mais importantes” pela carga emocional que transportam. É o caso do jogo de hoje. O Braga joga em sua casa contra um Benfica que luta, ponto a ponto, pelo título e o jogo de hoje está ainda mais “apimentado” pela perda de pontos do outro candidato, o FC Porto, no seu mais recente jogo, em Vila do Conde. Por isso, todos esperamos um Benfica ainda mais moralizado e motivado. No que ao Braga respeita, trata-se – para mim – de um jogo de “tudo ou nada”, um “mata-mata” no que concerne à luta pelo terceiro lugar. Não ganhar significará uma despedida do pódio, pois dificilmente recuperaremos a diferença pontual para um Sporting que, nesta ponta final do campeonato, está na sua melhor forma da época. De qualquer forma, os últimos jogos da equipa têm dado motivos aos adeptos para serem otimistas para hoje. Apesar das diversas ausências por lesão e das necessárias adaptações que Abel tem feito (Murilo a defesa-lateral-esquerdo, quem diria?), a equipa tem mostrado qualidade e controlo do jogo. Mas um Braga-Benfica é muito mais que as questões táticas ou técnicas relativas ao jogo. Qualquer Braga-Benfica é sempre marcado pelo estigma do “benfiquismo” que alegadamente marca os adeptos de Braga (não “do” Braga). A verdade é que o Benfica é um clube com mais de 200 mil sócios e o Braga não terá mais do que 27 mil associados pagantes. Além disso, os recursos financeiros são incomparavelmente diferentes. É compreensível que muitos bracarenses (que vivem em Braga), imbuídos do provincianismo que os afeta, prefiram partilhar esta grandeza qualitativa com um Benfica, clube com sede na grande capital do império, Lisboa, a partilhála com um pequeno clube que desenvolve todo o seu trabalho na cidade onde habitam. Outro facto que marca este Braga-Benfica em particular é a reação que a grande maioria dos adeptos teve à nomeação do árbitro Tiago Martins para dirigir o jogo: para os adeptos, tal nomeação “traz água no bico” e muitos defenderam, nas redes sociais, que o Braga entrasse em campo com uma equipa constituída por jogadores das camadas jovens. Os erros de arbitragem que têm marcado todo o historial dos confrontos entre estes dois clubes, com manifesto benefício para a equipa de Lisboa, emprestam racionalidade a esta reação dos adeptos e, sejamos francos, a nomeação de Tiago Martins não foi a mais acertada. Mas eu, que não sou nada dado a teorias conspirativas, acredito que o árbitro só precisará de ter a sorte do seu lado para fazer um trabalho com acerto. E precisa também de não se deixar contaminar pelo benfiquismo provinciano que afeta muitos portugueses, pois isso não é coisa de juiz, mas sim de adepto.