O Jogo

Do futebol ao topo da Europa

O JOGO traça-lhe o perfil de um treinador teimoso e com mau perder, mas com vocação inata

- JOÃO MAIA

O dia 27 de abril de 2012 mudou a vida do técnico, quando Miguel Albuquerqu­e lhe telefonou para substituir Orlando Duarte. Liga dos Campeões é o máximo de uma pirâmide de títulos e recordes

Nuno Sérgio dos Santos Dias, nascido em Cantanhede a 28 de dezembro de 1972 (46 anos), é o rosto da equipa que conseguiu o sonho de sempre do futsal do Sporting: ser campeão europeu. O treinador, que antes de ingressar no universo leonino até tinha uma costela portista, não começou logo por praticar a modalidade. Nuno Dias iniciou-se no futebol e a transição surgiu através da Académica. No final da década de 90, o então fixo mudou-se para o Instituto D. João V. As sapatilhas foram encostadas em 2005/06 de forma algo inesperada, conforme conta Ventura Pereira, antigo presidente do Instituto. “Como jogador, já era muito inteligent­e e estudioso. Ele ficou surpreendi­do com o convite, pois implicava deixar de jogar. Já fazíamos boas temporadas, mas passámos a jogar de igual para igual com os grandes.” Contudo, o gosto pelo treino já lhe era conhecido. “Quando jogava, já treinava camadas jovens. Sempre teve perfil. Como atleta, sabia ler o jogo e, enquanto técnico, fez a diferença pela atenção aos pormenores”, revela Nino, ex-colega e jogador de Dias no Instituto.

Em 2011/12, Paulo Tavares, atual treinador do Braga, leva Nuno Dias para o CSKA (Rússia). A dupla orienta craques como Cardinal e Ricardinho e é a 27 de abril de 2012 que o telefone toca com um convite especial. Do outro lado estava Miguel Albuquerqu­e, na altura diretor para o futsal leonino, que convida o técnico a substituir o histórico Orlando Duarte. A primeira temporada é assombrosa: título e Taça de Portugal no bolso, 37 vitórias, um empate e uma derrota. “O Nuno introduziu várias situações de treino que surpreende­ram. Propunha desafios, como tentar ganhar todos os jogos ou sofrer poucos golos”, afirma Cristiano,ex-guardiãole­onino. Paulo Luís, o adjunto, é um grande suporte. “Há jogos em que o Paulo consegue ser mais calmo e pensar no momento, quando o Nuno está mais emotivo.” Defeitos também os há... “Tem mau perder e a gente sofria com ele nas derrotas. No início fervia muito nos jogos, mas agora está mais controlado”, atira. A teimosia é outra das caracterís­ticas. “É muito teimoso e acredita cegamente no trabalho dele”, conta o amigo Paulo Tavares.

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Nuno Dias e Pany Varela levantam o troféu

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