O antes e o depois de Inácio
F elizmente, para quem gosta de futebol, de bola, e ainda vive de forma apaixonada os bons momentos que este fenómeno proporciona, há coisas muito mais interessantes do que as discussões estúpidas (só as estúpidas, mesmo) provocadas pelos eventuais erros dos árbitros e por essa autoridade tecnológica, o VAR. Nesta jornada, como noutras, houve ruído em Vila do Conde, Braga, Alvalade e em muitos outros campos por esse país fora. Falou-se do jogo, mas deu-se maior ênfase ao resto. Mas acreditem que ainda podemos ver futebol por aí. Exemplo disso é o comportamento do Aves desde que Augusto Inácio assumiu o comando. Os méritos terão de ser obviamente divididos, mas não há forma de fugir a esta realidade: há um antes e um depois de Inácio – o mesmo homem que liderou o Sporting no penúltimo título de campeão nacional ganho pelos leões. E os números não deixam dúvidas: 14 jogos, sete vitórias, três empates e quatro derrotas, estas, curiosamente, em casa. No total, estamos a falar de 24 pontos conquistados. A equipa está no décimo lugar e a morder os calcanhares de Santa Clara e Rio Ave. Ou seja, com menos três jogos do que o seu antecessor, Inácio, leia-se a equipa do Aves, somou o dobro dos pontos. E se só contassem os conquistados na segunda metade do campeonato, nesta altura teríamos o Aves a lutar por um lugar europeu e a três pontos do... Braga. No último sábado, o Belenenses foi a vítima (3-0) do arrojado 3x4x3 definido pelo treinador como esquema tático preferencial. O trio atacante, constituído por Luquinhas, Mama Baldé e Derley, é o expoente máximo de uma equipa equilibrada e que não muda, por norma, em função do adversário. O Aves tem uma identidade própria, transmitida desde muito cedo por Augusto Inácio. E nunca será demais lembrar que já atingiu a maior pontuação de sempre (36 pontos) e nunca tinha obtido dez triunfos na competição maior do calendário nacional. Ah, e não foram os árbitros nem o VAR, foi mesmo a equipa do Aves.