IMPOSSÍVEL, PRONTO É simples: não tem redenção
N ão, meus amigos, eu não me vou pôr a avaliar os erros de arbitragem do fim de semana. Se alguma coisa os penáltis e putativos penáltis do fim de semana provaram, foi o mesmo de sempre: quem quis ver penálti viu penálti e continua com a certeza absoluta de que houve penálti; quem não quis ver penálti não viu penálti e continua sem dúvida nenhuma de que não houve penálti. Penálti, fora de jogo, mão na bola, falta para cartão – ninguém muda de opinião, toda a gente defende os seus interesses e os comentadores profissionais (inclusive os árbitros) vão distribuindo jogo, à medida das conveniências e dos engraçadismos. Foi até aqui que o logro da supertecnologia nos trouxe: continua tudo por provar e ninguém se entende. Por mim, nada tenho a acrescentar. Não percebo mais de arbitragem do que nenhum deles e custa-me dar para peditórios inúteis. Mas dou para este: se o FC Porto perder este campeonato, vai perdê-lo sem qualquer fair play; o que seria particularmente lamentável se não soubéssemos que, caso o perca o Benfica, vai perdê-lo sem qualquer fair play também, o que torna tudo lamentável na generalidade. Se calhar, vou pedir, também eu, a minha reunião na Federação. E emitir um comunicado. E vociferar aos microfones. Só para chamar a atenção para o golo que ainda este domingo, enquanto andávamos nós aqui a insultarnos, o Leeds concedeu (concedeu, não: devolveu, como disse Bielsa) ao Aston Villa, hipotecando deliberadamente (deliberadamente, note-se) as hipóteses de regressar à Premier League. Que diferença. Houve um tempo em que achei tudo isso do fair play uma grande patacoada. Só que, na altura, a falta de fair play, sendo um problema, não ameaçava destruir o campeonato português. Eu mudei, mas o campeonato português também. Creio que mudámos em sentidos opostos.