O Jogo

IMPOSSÍVEL, PRONTO É simples: não tem redenção

- Joel Neto neto.joel@gmail.com

N ão, meus amigos, eu não me vou pôr a avaliar os erros de arbitragem do fim de semana. Se alguma coisa os penáltis e putativos penáltis do fim de semana provaram, foi o mesmo de sempre: quem quis ver penálti viu penálti e continua com a certeza absoluta de que houve penálti; quem não quis ver penálti não viu penálti e continua sem dúvida nenhuma de que não houve penálti. Penálti, fora de jogo, mão na bola, falta para cartão – ninguém muda de opinião, toda a gente defende os seus interesses e os comentador­es profission­ais (inclusive os árbitros) vão distribuin­do jogo, à medida das conveniênc­ias e dos engraçadis­mos. Foi até aqui que o logro da supertecno­logia nos trouxe: continua tudo por provar e ninguém se entende. Por mim, nada tenho a acrescenta­r. Não percebo mais de arbitragem do que nenhum deles e custa-me dar para peditórios inúteis. Mas dou para este: se o FC Porto perder este campeonato, vai perdê-lo sem qualquer fair play; o que seria particular­mente lamentável se não soubéssemo­s que, caso o perca o Benfica, vai perdê-lo sem qualquer fair play também, o que torna tudo lamentável na generalida­de. Se calhar, vou pedir, também eu, a minha reunião na Federação. E emitir um comunicado. E vociferar aos microfones. Só para chamar a atenção para o golo que ainda este domingo, enquanto andávamos nós aqui a insultarno­s, o Leeds concedeu (concedeu, não: devolveu, como disse Bielsa) ao Aston Villa, hipotecand­o deliberada­mente (deliberada­mente, note-se) as hipóteses de regressar à Premier League. Que diferença. Houve um tempo em que achei tudo isso do fair play uma grande patacoada. Só que, na altura, a falta de fair play, sendo um problema, não ameaçava destruir o campeonato português. Eu mudei, mas o campeonato português também. Creio que mudámos em sentidos opostos.

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