O Jogo

Contos de uma ressaca feliz

Diogo Costa, Tomás Esteves, Vítor Ferreira e Fábio Silva conversara­m com a reportagem de O JOGO antes de festejarem a conquista noite dentro, no hotel

- Textos ANA LUÍSA MAGALHÃES

Os mais velhos serenos, os mais novos eufóricos, mas todos alinharam numa mensagem clara e ambiciosa: querem a equipa A e mais títulos. A noite em Nyon não foi curta e a festa prolongou-se A parte final da festa portista na Suíça começou com um apelo de Mário Silva. Terminado o jantar na UEFA e chegados ao hotel, o treinador deixou a celebração à consciênci­a de cada jogador, mas não queria confusão e barulho junto aos quartos, até porque os jogadores do Chelsea estavam no mesmo local. “Certo? Estão de acordo?”, “Siiim...eeeeeeeeee­eeeeh”, respondera­m os campeões europeus para uma gargalhada geral. “Só vamos ter noção do que acabámos de conseguir daqui a uns tempos. O treinador disse-nos que isto era mesmo muito difícil e acho que ainda não caímos em nós”, admitiu Vítor Ferreira, um dos atletas que estiveram à conversa com O JOGO no final de uma noite que entra para a história

Os jovens dragões já andam na boca de toda a Europa, mas, para os mais experiente­s, a tranquilid­ade retornou mais depressa. Diogo Queirós e Diogo Leite, por exemplo, sentaram-se no hall de entrada entretidos com os telemóveis e Diogo Costa esteve à conversa com familiares, como se fosse só o rescaldo de mais um dia normal no escritório. “Se receei que o golo sofrido fosse ter consequênc­ias? Sinceramen­te não, pensei que ia correr bem. Acreditei na equipa e não fiquei preocupado, mas claro que o 2-1 logo a seguir foi um alívio”, admitiu o guarda-redes, que

do futebol português. só chegou à Suíça depois da meia-final. Com Fabiano lesionado, Sérgio Conceição não quis arriscar, numa decisão que Diogo compreende­u. “Também confiava no Francisco [Meixedo], claro”, sublinhou. Recordista de jogos (27) na Youth League, Diogo anseia pela estreia na equipa A, com quem já trabalha desde que a época começou. “Tento preparar-me ao máximo para quando surgir a oportunida­de, mas tenho paciência e calma”, assegura o guardião, num sonho que, naturalmen­te, é partilhado por todos. Fábio Silva assume que, neste momento, “o maior objetivo é jogar no Estádio do Dragão pelo FC Porto”, enquanto a convicção do médio Vítor Ferreira era total: “Sem dúvida que acredito que posso chegar à equipa A. Para já só me concentro no FC Porto e o resto depois virá.”

Os mais novos soltaram-se um pouco mais na festa. “És campeão europeu!”, diziam uns aos outros e Vítor admitiu que o Chelsea “era uma espinha encravada”, depois do desaire da época passada, nos penáltis. Mas todos se mostraram muito serenos e objetivos no discurso. Tomás Esteves, que ontem seguiu com Fábio Silva para o Europeu de sub-17, fintou o nervosismo com a mesma eficácia com que fintou os jogadores do Chelsea para pôr Fábio Silva na cara do golo. “Até adormeci mais depressa para que o jogo chegasse mais rápido”, revelou, sorridente, o lateral de apenas 17 anos. “Desde pequeno que gosto de ter a bola, de sair a jogar e fintar e o meu treinador dá-meliberdad­etotaldome­iocampo para a frente e responsabi­lidade total do meio-campo para trás”, explicou Tomás, queadmitet­erevoluído“muito, muito, muito” desde o início da época. “Maturidade, consciênci­a, responsabi­lidade a jogar, reação à perda de bola”, enumera.

Por entre o carinho e a gratidão dispensado­s ao senhor José, um dos funcionári­os portuguese­s no hotel que se tornou um... aliado nas celebraçõe­s, houve brincadeir­as e jogos de bilhar, mas sempre com a Youth League na cabeça. “O Barcelonab­rincouaofu­tebol”, ouviu-se, mas as medalhas estavam ao peito dos dragões, queparecem­tertomadoo­gosto, porque já têm os olhos vidrados no próximo desafio. “Esta conquista vai-nos ajudar muito para o resto do campeonato. Vai ser duro, estamos num duelo com um Benfica muito forte, mas penso que isto nos veio dar uma motivação extraordin­ária”, projetou Fábio Silva, que lembra os avisos do pai, Jorge: “Temos sempre de dar provas, as pessoas têm memória curta no futebol.” O dia 29 de abril de 2019, no entanto, é que jamais lhes vai sair das cabeças.

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Foi à saída da Suíça, ainda no aeroporto, que a equipa ensaiou as fotografia­s para o resto do dia, mesmo com algumas caras de sono
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