Tondela-Santa Clara 1-3 V. Guimarães-Nacional 2-2
Uma lição de personalidade do Santa Clara deixou o Tondela numa situação muito delicada. A duas jornadas do fim, nada está perdido, mas existe o risco de descer já em Alvalade
Pepa viu a equipa afundarse e mergulhar numa aflição sinistra – até para os padrões atípicos de um clube habituado a levar ao extremo os cálculos para a sobrevivência na I Liga
Um estádio vestido de amarelo e verde, a torcer pelo abreviar de um final feliz para o Tondela, assistiu, ontem, a uma grande exibição da classe com que o Santa Clara passou de candidato natural à descida a uma das equipas mais consistentes e interessantes do campeonato, na época em que regressouàI Liga( o oitavo lugar conquistado com absoluta serenidade e um futebol maduro, bem pensado e melhor executado deixa esse detalhe da inexperiência ao largo da memória). O que sobrou da jornada, para os da casa, foi uma angústia terrível para o balneário de Pepa, agora obrigado a fazer aquilo em que se tornou especialista: vencer nos palcos mais improváveis. Se ganhar ao Sporting e ao Chaves, salva a época. Se perder em Alvalade, e dependendo do que fizerem os outros aflitos, pode descer antes do tudo ou nada com os transmontanos. A ansiedade condicionou quase todos os passos do Tondela. Em apenas 21 minutos, o nervosismo precipitou o penálti de Jhon Murillo sobre Mamadu Candé, convertido por Osama Rashid na vantagem açoriana que então já se percebia em todo o terreno. Pepa precisava que o intervalo chegasse depressa para fazer disparar a adrenalina que move este Tondela. Parecia tê-lo feito com sucesso, com Pité e Peña a refrescarem o ataque. A pressão que conduziu ao empate, num penálti de Tomané corajosamente analisado por João Pinheiro – observou durante dois minutos as imagens da confusão que foi o lance em que os avançados foram atropelados por João Lopes e Ukra – viria a revelarse apenas uma ilusão, porque o Santa Clara só esperava esse fulgor ofensivo para matar o jogo. Fê-lo em dois golpes que só o tempo dirá se foram fatais, com Schettine a aparecer sozinho para receber um cabeceamento de Fábio Cardoso na entrada da área e, depois, na direita, a assistir Osama para o 1-3, quando à volta já tudo era desespero.
“Está muito difícil, mas não é impossível. O segundo golo matou o jogo. Perdemos uma oportunidade de sair da linha de água, mas aqui ninguém desiste”
Pepa
Treinador do Tondela
“Sabíamos que, quando tivesse de arriscar, o Tondela ia expor-se muito mais e tínhamos preparado as transições para chegarmos à vantagem”
João Henriques
Treinador do Santa Clara