O Jogo

LEÕES RISCARAM A “PIEDADE” DO SEU DICIONÁRIO

A nova “masterclas­s” de Bruno Fernandes e as ofertas dos anfitriões formaram um cocktail explosivo que culminou num arraso de proporções históricas

- DUARTE TORNESI

Face principal do desastre, Muriel ofereceu um golo a Raphinha e foi expulso em apenas 22’. Minutos finais determinar­am a pena máxima para um Belenenses que entrou em curto-circuito após o 1-3 O estilo “retro” do Estádio Nacional, inaugurado em 1944, combinou bem com aquilo a que se pode chamar uma goleada das antigas e a fazer lembrar o tempo dos Cinco Violinos, mas que, apesar dos números pornográfi­cos envolvidos, nem foi a mais ampla da presente edição de uma Liga onde o abismo entre os chamados três grandes e as restantes equipas – em especial evidência nesta jornada – clama por valente debate. Nada disso, porém, retira mérito à atuação de gala de um leão faminto que beneficiou de um cocktail explosivo entre uma nova exibição exuberante de Bruno Fernandes, que esteve envolvido em metade dos golos, e uma sucessão de erros de um Belenenses a mostrar a sua pior versão.

A tarde de domingo soalheira, com um cheirinho a final da Taça de Portugal, prometia um duelo intenso e eletrizant­e entre duas equipas que se assumiam como camaleões a nível tático. Do lado do Belenenses, Silas apostou num esquema que “fundia” o seu habitual 5x3x2 com um 5x4x1, onde as constantes trocas entre Lucca e Diogo Viana prometiam complicar a vida a Gudelj e Borja. No Sporting, Marcel Keizer recuperou o 3x4x2x1 nascido em março, na vitória sobre o Braga, mas com ordens para colocar o 4x3x3 em ação quando a equipa precisasse de um plano B para furar o muro azul. Porém, a expectativ­a criada com duas boas oportunida­des para cada lado nos primeiros minutos não demorou a cair por terra, pois Muriel decidiu que, num dia dedicado às mães, os leões também tinham direito a receber presentes: aos 10’, o guardião do Belenenses “assistiu” Raphinha para o 0-1 e aos 22’ foi expulso com vermelho direto por ter rasteirado o brasileiro do Sporting, quando este seguia isolado. Como se a inferiorid­ade numérica não fosse suficiente, os anfitriões ainda sofreram o segundo golo à beira do intervalo, num frango de Guilherme, o substituto de Muriel.

Ao intervalo, Silas lançou Ljujic no encontro e mudou o esquema para 4x4x1. Perante um Sporting que até aparentava estar em modo de gestão, o Belenenses cresceu e conseguiu reduzir, por Licá. No entanto, o golo do Belenenses só serviu para enfurecer o leão, que tratou de afiar as garras para uma ponta final demolidora. O terceiro golo, construído a meias por Gudelj e André Santos, foi o preâmbulo para a entrada em ação de uma máquina sem piedade que atropelou um rival em curto-circuito. Determinad­o a bater todos os recordes, Bruno Fernandes aproveitou as facilidade­s da defesa contrária para somar um hat trick, com um dos golos a punir um penálti infantil de Sagna sobre Luiz Phellype, e, entre o seu segundo e terceiro golos, ainda teve tempo de ver Dost marcar no segundo toque que deu na bola, após sair do banco. O golo de Doumbia foi o último sopro do ciclone que varreu o Jamor e o apito final acabou por ser a melhor notícia da tarde para os adeptos do Belenenses.

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Bas Dost voltou a jogar... e a provocar a festa do golo
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