O Jogo

“Sei que na Volta são mais fortes, mas vou confiante”

Luís Mendonça venceu o Troféu O JOGO/Leilosoc e já sente recompensa­do o regresso tardio ao ciclismo e a “transforma­ção louca” da sua vida. “Agora é treinar, comer e dormir”, diz

- CARLOS FLÓRIDO CATARINA DOMINGOS

A Rádio Popular-Boavista manteve a tradição de vencer as corridas de O JOGO e o autor da proeza – e leitor do jornal – visitou a redação, agradecend­o o “destaque” e “prestígio”. Um gesto pouco comum

Luís Mendonça tem 33 anos, mas só corre desde 2014, depois de ter parado nos sub23. Há um ano venceu a Volta aoAlentejo­enaúltimas­emana conquistou a Taça de Portugal e o Troféu O JOGO/Leilosoc de forma consecutiv­a. Agora, o futuro não tem limites para o paredense da Rádio PopularBoa­vista. Que significou vencer este troféu? —Prestígio. Estou no ciclismo há poucos anos, mas já venci a Volta ao Alentejo e O JOGO. A alegria foi a mesma ou superior, porque a vossa corrida tem um histórico enorme e um destaque brutal. Vou muito motivado para o que falta da temporada. Não serei o mesmo ciclista, estarei mais confiante. E para a próxima edição, podem contar comigo, farei os possíveis para estar! Vencer o Jóni Brandão e a equipa da W52-FC Porto significa já estar ao nível deles? —São indicações. Mas tenho a noção de que à Volta a Portugal, todos vão a cem por cento; nesta fase, há uns melhor, outros pior. Numa Volta, os rivais são mais fortes. Isto deu excelentes indicações e estou a ganhar confiança. Terei mais ambição em certas corridas. Por isso, tiro excelentes ilações deste troféu e da luta com o Jóni Brandão, sempre um candidato a vencer a Volta. Quem sabe se daqui a uns anos não serei eu também... Diz estar a perder peso. Que significa isso para quem já está em forma? —Tem de ser feito com inteligênc­ia, não são só números de balança, é preciso preservar a massa muscular. Costumava andar pelos 70/71 quilos, agora baixei para os 67 ou 66 e meio. É bastante e nota-se nas subidas. Posso perder um pouco de força no sprint, mas ganhei muito a subir e posso estar na discussãod­amaioriada­sprovas nacionais, que são de médiamonta­nha. Ainda vai perder mais? —Para a Volta, será necessário. Se algum dia sonhar subir a Serra da Estrela com os primeiros, faz sentido. Mas não quero alterar muito o que faço; tenho algum receio de não estar com força suficiente. É preciso passar fome? —Isso não. Nunca passei fomenocicl­ismo,énecessári­o estar forte. Para ter bons níveis de performanc­e, preciso de estar bem alimentado. Sou muito regrado. Tento comer bem, não cometer excessos. Prefiro ter um quilinho a mais e sentir força do que deitar tudo a perder. Ser ciclista é das profissões mais duras? —É extremamen­te exigente, tem de se gostar muito. Tenho de ser regrado ao extremo. A minha vida é treinar, comer bem, dormir a sesta, jantar e dormir mais oito ou nove horas. Dificilmen­te vou sair, o tempo de treinoedes­cansoéoseg­redodo sucesso. E consigo fazê-lo devidoàvid­aquetivean­teriorment­e, de euforia e loucura. Para mim, chegou. Que o fez voltar? —Achar que ainda tinha uma palavra a dizer – sempre tive talento para o desporto, notavao na escola – e o Rui Costa ser campeão do mundo. Fui colega dele em júnior e senti qualquer coisa. Ou era ali, aos 27 anos, ou não valia a pena. Foi uma transforma­ção louca, porque vinha de trabalhar em discotecas, fazia uns desfiles, fazia musculação e de repente mudei tudo. Foi radical, difícil, mas em boa hora o fiz!

 ??  ?? Luís Mendonça vestiu de amarelo para a fotografia e acabou a visualizar as imagens da sua vitória
Luís Mendonça vestiu de amarelo para a fotografia e acabou a visualizar as imagens da sua vitória

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal