E se puséssemos os pés na Terra?
Aquilo que precisamos que o nosso adversário faça mal é muita coisa para apenas dois jogos
M atematicamente ainda é possível ganhar o campeonato, mas não dependemos de nós próprios e aquilo que precisamos que o nosso adversário faça mal é muita coisa para apenas dois jogos. Não desistimos, mas não exageramos no otimismo. A matemática o que permite é que a esperança seja a última a morrer.
A estatística, por exemplo, diz-nos que não somos favoritos para ganhar o campeonato, mas vamos até à última jornada. Também nos diz que temos 50% de hipóteses de ganhar a Taça de Portugal, porque vamos estar presentes na final.
Em mais um notável texto, o diretor deste jornal recordou, esta semana, que os adeptos se têm de acostumar à ideia que não é possível ganhar sempre, mais ainda se o Benfica estiver organizado e estável. Uma vezes ganham eles, outras ganhamos nós. José Manuel Ribeiro diz, com inteira razão, que “os portistas ainda não são capazes de aceitar que o FCP passou, por regra, a partir em desvantagem”. E é só por sermos gigantes e capazes de feitos inimagináveis que vamos, sempre que possível, contrariando o destino.
Ontem, na conferência de Imprensa, Sérgio Conceição também lembrou aos mais distraídos, que o Futebol Clube do Porto na época passada foi às meias-finais da Taça da Liga e nesta época foi à final. Na Taça de Portugal idem aspas e ainda pode ganhá-la. Na Liga dos Campeões foi aos oitavos de final e este ano, depois de igualar o recorde de pontos na fase de grupos e depois de batido o recorde de receitas, chegámos aos quartos de final. No campeonato estamos na luta.
E se está a ser assim no futebol sénior também é preciso recordar que fomos campeões europeus na Youth League e que estamos a ter uma época nas modalidades bem melhor que a do ano passado.
Com os pés assentes na Terra, não aceitando que outros nos indiquem o caminho, mas evitando tropeçar nos próprios pés. Não é pondo em causa o treinador e a equipa, nem é com o treinador em permanente ameaça, respondendo a quem o possa contestar. Sérgio Conceição é o treinador do FCP e deve continuar a ser treinador do FCP. Deve continuar a ser porque, mesmo que não conseguisse nenhum título, depois de ter sido campeão quando nos queriam impor um terceiro lugar, voltou a fazer uma equipa altamente competitiva sem ter ido ao mercado com muitos milhões. Deve continuar a ser o nosso treinador, porque não há melhor. Embarcar nas tretas de Jorge Jesus, sempre apontado ao FC Porto, quando ele precisa ou quando alguém precisa de nos desestabilizar, funciona porque não sabemos viver as vitórias. Temos de voltar a aprender a viver com elas, sem que isso signifique que só vale a pena viver assim. Desta forma, mesmo quando não somos a equipa com mais pontos, saberemos que somos campeões, porque não aceitamos as vitórias a qualquer preço.
O nosso rival está atulhado em processos judiciais, não é muito esperto da nossa parte oferecer-lhes polémicas que desviem a atenção do que é verdadeiramente importante e vai ser preciso ser discutido quando acabar a época. Em que pé é que estão as investigações à “criminalidade altamente organizada” que o Ministério Publico acredita existir e que foi revelada pelos emails do Benfica? É preciso saber!