O Jogo

E se puséssemos os pés na Terra?

- Paulo Baldaia

Aquilo que precisamos que o nosso adversário faça mal é muita coisa para apenas dois jogos

M atematicam­ente ainda é possível ganhar o campeonato, mas não dependemos de nós próprios e aquilo que precisamos que o nosso adversário faça mal é muita coisa para apenas dois jogos. Não desistimos, mas não exageramos no otimismo. A matemática o que permite é que a esperança seja a última a morrer.

A estatístic­a, por exemplo, diz-nos que não somos favoritos para ganhar o campeonato, mas vamos até à última jornada. Também nos diz que temos 50% de hipóteses de ganhar a Taça de Portugal, porque vamos estar presentes na final.

Em mais um notável texto, o diretor deste jornal recordou, esta semana, que os adeptos se têm de acostumar à ideia que não é possível ganhar sempre, mais ainda se o Benfica estiver organizado e estável. Uma vezes ganham eles, outras ganhamos nós. José Manuel Ribeiro diz, com inteira razão, que “os portistas ainda não são capazes de aceitar que o FCP passou, por regra, a partir em desvantage­m”. E é só por sermos gigantes e capazes de feitos inimagináv­eis que vamos, sempre que possível, contrarian­do o destino.

Ontem, na conferênci­a de Imprensa, Sérgio Conceição também lembrou aos mais distraídos, que o Futebol Clube do Porto na época passada foi às meias-finais da Taça da Liga e nesta época foi à final. Na Taça de Portugal idem aspas e ainda pode ganhá-la. Na Liga dos Campeões foi aos oitavos de final e este ano, depois de igualar o recorde de pontos na fase de grupos e depois de batido o recorde de receitas, chegámos aos quartos de final. No campeonato estamos na luta.

E se está a ser assim no futebol sénior também é preciso recordar que fomos campeões europeus na Youth League e que estamos a ter uma época nas modalidade­s bem melhor que a do ano passado.

Com os pés assentes na Terra, não aceitando que outros nos indiquem o caminho, mas evitando tropeçar nos próprios pés. Não é pondo em causa o treinador e a equipa, nem é com o treinador em permanente ameaça, respondend­o a quem o possa contestar. Sérgio Conceição é o treinador do FCP e deve continuar a ser treinador do FCP. Deve continuar a ser porque, mesmo que não conseguiss­e nenhum título, depois de ter sido campeão quando nos queriam impor um terceiro lugar, voltou a fazer uma equipa altamente competitiv­a sem ter ido ao mercado com muitos milhões. Deve continuar a ser o nosso treinador, porque não há melhor. Embarcar nas tretas de Jorge Jesus, sempre apontado ao FC Porto, quando ele precisa ou quando alguém precisa de nos desestabil­izar, funciona porque não sabemos viver as vitórias. Temos de voltar a aprender a viver com elas, sem que isso signifique que só vale a pena viver assim. Desta forma, mesmo quando não somos a equipa com mais pontos, saberemos que somos campeões, porque não aceitamos as vitórias a qualquer preço.

O nosso rival está atulhado em processos judiciais, não é muito esperto da nossa parte oferecer-lhes polémicas que desviem a atenção do que é verdadeira­mente importante e vai ser preciso ser discutido quando acabar a época. Em que pé é que estão as investigaç­ões à “criminalid­ade altamente organizada” que o Ministério Publico acredita existir e que foi revelada pelos emails do Benfica? É preciso saber!

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