O Jogo

“Chamam-me ‘fominha’, mas o 5x4 é uma arma”

Roncaglio está habituado a ser considerad­o egoísta devido aos remates de longe, porém exalta o jogo ofensivo que dá à águia. Diz, ainda assim, que uma defesa no último minuto é o pináculo da euforia

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Quando recebeu o convite da Luz sorriu de pronto e aconselhou­se com o vizinho de Santa Catarina e ex-colega no Kairat, Leo, hoje fixo do Sporting Roncaglio tem contrato até 2020 e está feliz: “Aprendi as manias da liga e adoro o país. Há segurança. Portugal é o Brasil, só que é de Primeiro Mundo”

Roncaglio é guarda-redes, mas é por ele que começa o ataque encarnado, tanto em superiorid­adenuméric­acomo na saída de bola. O brasileiro gosta e vê nisso uma arma para o título.

Leva sete golos na época. Tantos quanto o Miguel Ângelo ou o Marc Tolrà...

—Não sabia da contagem, mas vou gozar com eles [risos]. É sempre um objetivo da época. Até fiz uma aposta com o jogador Afonso Jesus em como fazia nove na temporada. Queria marcar em todas as provas, mas falhei na Champions.

Sempre foi assim?

—Sim, até digo que devia ter sido atacante e não guarda-redes. Estava no Blumenau, em Santa Catarina, e fui o melhor marcador da equipa na liga, com nove golos. Jogávamos muito com o guarda-redes avançado, tal como agora no Benfica. A ganhar ou a perder, usávamos essa estratégia.

O 5x4 e muitas vezes a saída de bola consigo na ala fez a equipa evoluir?

—O nosso 5x4 é muito forte. Não interessa o momento do jogo. Fica difícil para quem defende, ainda para mais quando me destaco no passe e na finalizaçã­o. Têm de me bloquear nos dois modos. Está a dar certo, não só pelos meus golos, mas pelas oportunida­des que criamos.

É o segredo para o título?

—Não digo que seja segredo, mas é uma arma forte. Temos jogadores... [respira fundo], que podem decidir em qualquer campeonato do mundo. Não só o português.

Sente-se confortáve­l ao receber a bola na ala?

—Tenho mais espaço na quadra e muita confiança no que faço e no que nos ensinam. Além disso, sei que tenho maior impacto no jogo porque posso carregar pelo meio ou descobrir um passe na ala. Tenho mais opções.

Em Portugal, um jogador egoísta é chamado de “fuço”. Já o chamaram assim?

—No Brasil é “fominha”. Às vezes, sim. O Robinho pede o passe antes de eu rematar. O guarda-redes sofre sempre. É normal. São 15 atletas de campo contra dois guardarede­s [risos].

O que escolhia: o golo que dá o campeonato ou defesa impossível a cinco segundos do fim?

—A defesa. O golo é maravilhos­o, mas salvar a equipa nos últimos segundos é indescrití­vel [olha para o céu].

E já lhe descobrira­m o ponto fraco?

—Se o fizeram, não me contaram. Ninguém é perfeito, mas considero-me completo.

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Aqui a puxar do pé direito, Roncaglio é um guardião goleador

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