O Jogo

NÃO ACABOU, HAVERÁ MESMO VAR ATÉ AO FIM

O Benfica está quase a carimbar oficialmen­te o título, após ter vencido o penúltimo obstáculo num jogo marcado pelo lance do segundo golo benfiquist­a

- Textos HUGO SOUSA

A equipa de Bruno Lage começou o jogo praticamen­te em vantagem, após deslize de Junio, e voltaria a respirar depois de novo deslize do lateral, este último partilhado

Quase que se podia dizer que cheirou um bocadinho a Champions nos minutos finais, depois de um golo de Ronan que parecia querer convocar para Vila do Conde os espíritos que levaram Liverpool e Tottenham à final. Mas não. Muito antes disso, o cheiro intenso que ficou foi mesmo a esturro, por conta de uma decisão polémica da equipa de arbitragem, ao ignorar uma carga de Florentino sobre Gabrielzin­ho na área que, ironia das ironias, acabaria em golo na baliza de Léo Jardim. Os tais espíritos da Champions, se estavam com ideias de aparecer por cá, esbarraram nos fantasmas portuguese­s do costume e, como se fosse uma fatalidade do destino, o campeonato há de terminar como começou: com língua afiada sobre árbitros e sacrossant­o VAR. É sagradinho.

Quase tão sagradinho como o título que o Benfica confirmará na Luz dentro de dias. Mais do que ao Santa Clara, o último adversário nessa caminhada, o FC Porto precisaria de apelar a um altar que juntasse os santinhos todos do universo para contrariar esse desfecho. Fez a parte que ainda lhe competia ontem, que era ganhar na Madeira, e atirou para os ombros benfiquist­as a questão que abriu este jogo: quanto pesaria a responsabi­lidade em casa do penúltimo obstáculo, o mesmo que custara tanto aos dragões?

A resposta foi rápida, e a ansiedade do Benfica diluiu-se como uma pastilha efervescen­te. Em três minutos, misturando água de Junio Rocha, o primeiro golo estava feito. Rafa aproveitou a oferta do lateral vila-condense para deixar o batimento cardíaco da onda vermelha em ritmo pausado. Sem ter sido avassalado­ra depois disso, a equipa de Bruno Lage continuou a dominar e o Rio Ave precisou de 15 minutos para se chegar à área e quase 25’ para queimar as luvas de Vlachodimo­s, que desviou um remate de Nuno Santos para canto. Dele nasceria um golo, de Tarantini, que foi anulado.

Já com Nuno Santos à esquerda e Gabrielzin­ho na direita, os vila-condenses espevitara­m um bocadinho, mas as melhores oportunida­des continuara­m a ser do Benfica, com Pizzi a comandar nas costas de um trio na frente que destapava as fragilidad­es defensivas do Rio Ave.

Havia, ainda assim, um equilíbrio mais notório e o lance polémico do jogo apareceu nesse contexto, acrescido do facto de ter sido em cima do intervalo, um momento-chave. Florentino carregou Gabrielzin­ho, mas Hugo Miguel mandou seguir e a jogada esticou-se até ao golo de João Félix – mérito para a mestria de Seferovic no passe e alguma desatenção de Léo Jardim, apesar da posição duvidosa de Félix. As emoções explodiram no estádio, entre a festa vermelha e a fúria vila-condense, que fez voar uma garrafa de água na direção do trio de arbitragem, quando este recolhia ao túnel, e houve até um adepto a entrar no relvado para uma aproximaçã­o prontament­e barrada.

Ânimos exaltados que serenaram um pouco com o golo de Tarantini, a abrir a segunda parte. O jogo parecia relançado, como que a testar os nervos de aço do quase campeão. Mas foi por pouco, porque nova asneira defensiva do Rio Ave (outra vez Junio mal no alívio, embora Nuno Santos também não tenha estado bem, num flanco direito vilaconden­se fraquíssim­o...) devolveu o fôlego ao Benfica, que não mais o perdeu, apesar daquela ameaça nos minutos finais, já quando Bruno Lage retirava de campo algumas peças nucleares. Pizzi, sobretudo.

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Bruno Lage dá indicações a Samaris
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