A revolta serve-se fria
Quem disse que o V. Setúbal estava desfalcado, em Chaves, só porque lhe faltavam quatro castigados? Arrumou a permanência em 15 minutos e deixou os flavienses a fazer contas
Com um quarto de hora de jogo, os sadinos já venciam por 0-2, perante o desconcerto do Chaves que, como noutras ocasiões, atinou tarde. A permanência decide-se em Tondela
“Isto não acabou aqui”, avisara o presidente do Vitória de Setúbal, há uma semana, depois de ter perdido três pontos para o Boavista e quatro jogadores (três expulsos) para a discussão da permanência, em Chaves. Porta-voz fiel de um balneário em lágrimas, Vítor Hugo Valente viu, ontem, a equipa confirmar aquelas palavras. A revolta viu-se transposta para o relvado transmontano, já sem o fatal destempero emocional, apenas com uma tremenda vontade de fechar as contas. Bastaram 15 minutos: aos 6’, Rúben Micael meteu uma bola para Allef, mais rápido do que os centrais a fazer o 0-1 e ao quarto de hora os adeptos sadinos festejavam o segundo, com um passe de Mikel, na esquerda, para o cabeceamento de Mendy, que saltou a fazer o 0-2, enquanto António Filipe e os centrais se precipitavam numa aflição que está para durar até à última jornada, em Tondela.
Sem que houvesse tempo sequer para reparar na ausência dos expulsos Semedo, Zequinha, Cádiz (o melhor marcador de um dos ataques mais pobrezinhos do campeonato) e ainda de Berto, os sadinos tinham o jogo na mão e o Chaves atarantado. Mota trocou um trinco por um avançado, mas, lá do alto da torre da televisão, onde cumpriu castigo, viu a equipa terminar a primeira parte sem um remate à baliza. Até para isso foi preciso a ajuda do V. Setúbal: Sílvio fez penálti sobre Platiny e, aos 64’, Bruno Gallo empurrou os transmontanos para o jogo, já só com três defesas e Niltinho e Bressan a tornarem-nos realmente perigosos. Postos à prova os reflexos da defesa sadina, ainda houve um pico de adrenalina, quando Artur Soares Dias assinalou penálti de André Sousa sobre Luther Singh, mas, depois de ouvir o VAR e ver as imagens, o árbitro corrigiu a leitura e o que sobrou foi o cartão amarelo para o atacante e mais uma semana de ansiedade, até Tondela, onde se decidirá o campeonato para os dois representantes do Portugal interior na liga que só tem lugar para um.
“Quando se chega a esta fase nesta posição, há muita ansiedade; umas vezes, joga a nosso favor; hoje [ontem], jogou contra nós. Resta-nos uma final” Paulo Sousa Treinador adjunto do Chaves
“Conseguimos os objetivos. Há que tirar ilações para o futuro, pois o Vitória de Setúbal anda há já dez anos sempre nesta situação complicada. Há que fazer alguma coisa” Sandro Mendes Treinador do Vitória de Setúbal