O Jogo

PROTOCOLO DO VAR CONDENA MIGUEL

“Manual de instruções” do videoárbit­ro diz que o VAR deve aconselhar o árbitro a ver as imagens. Luís Godinho não o terá feito...

- JOÃO MAIA MELO ROSA

Mesmo que da Cidade do Futebol não tenha vindo uma recomendaç­ão para a revisão das imagens, a influência do lance na partida e a natureza do mesmo obrigava Hugo Miguel a fazê-lo

Minuto 45’+1’ em Vila do Conde: Gabrielzin­ho, perseguido por Florentino, tenta fugir pela esquerda mas é tocado pelo jogador do Benfica. O contacto começa fora da área benfiquist­a, mas termina dentro da mesma. Hugo Miguel, a poucos metros do lance, estica o braço esquerdo e manda seguir. Álvaro Mesquita, o assistente a acompanhar o ataque vila-condense, também não terá feito qualquer sinalética em contrário ao juiz de Lisboa. A jogada continua, as águias recuperam a bola e lançam-senumcontr­a-ataque que culmina no 0-2, marcado por João Félix na recarga de uma defesa incompleta de Léo Jardim. Hugo Miguel manda de pronto os jogadores esperarem, gesto que indica reapreciaç­ão do(s) lance(s) pelo videoárbit­ro (VAR) Luís Godinho. Até aqui, todo o protocolo do VAR explícito nas normas do IFAB (Internatio­nal Football Associatio­n Board), órgão que regulament­a as regras do futebol, é cumprido. O VAR prepara-se por isso para auxiliar o árbitro no caso de não um, mas dois possíveis erros claros: golo ou não golo, e penálti ou não penálti.

Após o contacto com a Cidade do Futebol, cujas comunicaçõ­es não são publicamen­te divulgadas, Hugo Miguel manteve a decisão tomada sobre o lance entre Gabrielzin­ho e Florentino e validou o golo de João Félix, sem, no entanto, ter ido ver as imagens, nem tão-pouco ter feito sinal de que não havia penálti. Deveria Hugo Miguel ter recorrido ao “on-field review”, revisão no campo? A avaliar pelo protocolo do VAR, o juiz poderia tê-lo feito. A visualizaç­ão das imagens só pode ocorrer mediante certas condições. Uma delas é quando o VAR o recomenda, o que não deverá ter acontecido, visto que Hugo Miguel não o fez. Outra, e aqui o protocolo do VAR “castiga” a posição de Hugo Miguel, prende-se com decisões factuais, ou seja, uma decisão crucial para o jogo que poderia ter sido o 1-1 para o Rio Ave, caso o árbitro lisboeta entendesse existir penálti sobre Gabrielzin­ho, ou, em todo o caso, o 0-1 que se deveria ter mantido no marcador, pois não só há falta no início da jogada como João Félix beneficiou de posição irregular para marcar. E aqui entra outro lapso de Hugo Miguel, pois diz o protocolo que o árbitro deve fazer a revisão no campo para decisões subjetivas (intensidad­e de uma falta, interferên­cia num fora de jogo, entre outras). Recorde-se que, em todo o processo, a decisão final é sempre do árbitro, já que o videoárbit­ro apenas pode sugerir a leitura que acha correta para o lance.

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João Félix marca, em posição irregular, o segundo golo do Benfica

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