O Jogo

O VAR acabou?

- Manuel Queiroz O segundo golo do Benfica vai ser uma lenda – não é o erro, é a negligênci­a

O s campeonato­s são longos mas têm momentos definidore­s, outros que ficam na história e outros ainda na lenda. Houve um 10-0 (e um 1-8), houve muitos erros de arbitragem que favorecera­m muitas equipas. Mas o segundo golo do Benfica em Vila do Conde é daqueles que vão ficar na lenda: “Lembras-te? Era penálti contra o Benfica e o árbitro disse logo que não havia nada, com os braços, e dez segundos depois foi golo em fora de jogo do Benfica? E numa final? E já havia aquela coisa do VAR? Isso é que eram tempos”, dirão os adeptos daqui a muitos anos, sendo que a última frase terá o tom da cor clubística de cada um. Mas é daqueles que fazem os presidente­s tornarem-se lendas. De facto, há coisas que desafiam a imaginação. Não acho que o Benfica tenha ganho o campeonato por causa daquele lance, como é evidente, e acho que gente como Rui Moreira devia ter tento na língua, pelas responsabi­lidades e por educação. E retirem se quiserem o Rio Ave-Benfica da equação, mas não o jogo decisivo, porque é isso que justifica o VAR. Foi exatamente para isto que ele foi inventado. Que o VAR Luís Godinho, um internacio­nal, o AVAR Rui Teixeira, da AF Setúbal, o árbitro Hugo Miguel, internacio­nal há seis anos, e o assistente Ricardo Santos, da AF Lisboa, não tivessem um sobressalt­o ultrapassa o Apito Dourado, o presidente do Sporting que entrou com uma pistola na cabina do árbitro ou os tempos de Calabotes. É um nível acima. Não é o erro, é a negligênci­a, é o desprezo. É o ridículo de ver Hugo Miguel, no momento, a esbracejar muito para dizer que não se passou nada, quando não tinha a melhor visão (havia um jogador do Benfica pelo meio), e o assistente e o quarto árbitro estavam exatamente do lado oposto. O crédito do VAR acabou anteontem no futebol português. Se aquele golo é possível, tudo é possível. A minha pergunta é: sendo o VAR um sistema muito caro, quem é que vai querer pagá-lo para ser ridiculari­zado desta forma? Não faz sentido pagar uma coisa que não se utiliza num jogo decisivo. Outra jornada com 40 golos, como a anterior, e um daqueles em que houve menos foi em Alvalade, 1-1, com um Tondela destemido e a fazer pela vida, mas tendo de agradecer a Ristovski a sua falta de cabeça. Aí está um jogo onde o VAR ajudou, porque estava atento (Vítor Ferreira e o AVAR Pedro Fernandes). Ficou decidido quase tudo, nomeadamen­te o terceiro lugar, com o empate que o Sporting cedeu em casa depois de dez vitórias seguidas. Benfica e FC Porto disputam ainda o primeiro lugar, que, na verdade, só o Benfica é que pode perder. E há ainda uma final, Tondela-Chaves, para saber quem desce.

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