“Podíamos ter feito um pouco mais”
O treinador do Santa Clara faz balanço positivo de época histórica do clube no seu regresso à I Liga, embora reconheça que em alguns momentos a equipa não foi competente o suficiente
João Henriques, o técnico ribatejano de 46 anos que diz estar a adorar a experiência de trabalhar nos Açores, não esconde que terminar abaixo do sétimo lugar será uma classificação que “sabe a pouco”
A meta dos 42 pontos foi atingida e o objetivo principal, a permanência, foi garantido. Missão cumprida ou está a faltar algo mais?
—No cômputo geral, olhando para trás é um facto: fica a saber a pouco! Depois de boas exibições e de não termos pontuado nesses jogos, e se tivéssemos sido mais competentes noutros jogos teríamos maispontos.Nasegundavolta só perdemos uma vez em casa, mas temos alguns empates porque não fomos competentes. Podíamos ter feito um bocadinho mais para que estivéssemos num sétimo lugar tranquilo e não nesta confusão para a última jornada, onde podemos ficar entre o sétimo e o décimo. E isso faz com que uma época boa, extraordinária até, podia ter uma cereja no topo do bolo com uma classificação única e difícil de bater. O Santa Clara é uma das sensações da I Liga, algo que muitos não imaginariam no início da temporada. Qual foi o segredo para este sucesso? —Começouporhaverumarelação de confiança enorme entre a SAD e a equipa técnica. Houve um unir de ideias relativamente ao que se pretendia, daquilo que seria uma ideia de jogo e depois agregar a isso um conjunto de jogadores que pudessem também fazer parte desta família. Este foi o principal segredo: sermos muito unidos nos bons e nos momentos menos bons e estarmos com os pés bem assentes no chão e conscientes que as dificuldades apareceriam. Isso foi fruto de um trabalho muito sério, apesar de algumas adversidades que tivemos, mas um trabalho sério, com muito rigor naquilo que fazíamos, muito comprometimento, muito compromisso. Esse foi o segredo: trabalho, rigor, competência. Todos tiveram um contributo extraordinário para que no final, comoumgrupo,comoumafamília, conseguíssemos ultrapassar as dificuldades. Ao longo da época, qual foi o pior período da equipa? —Foi entre o final de novembro e janeiro. Começaram as lesões,depoisentrámosnuma fase em que os jogadores começaram a ser cobiçados. Os jogadores começaram a tirar os pés do chão e a ficar com a cabeça em outros voos. Deixa
“Podíamos ter feito um bocadinho mais para que estivéssemos num sétimo lugar tranquilo” “Na segunda volta só perdemos uma vez em casa, mas temos alguns empates porque não fomos competentes” “Todos tiveram um contributo extraordinário para que conseguíssemos ultrapassar as dificuldades” “Se não nos reforçássemos bem, podíamos ter tido dissabores” “Muitas vezes olha-se para os resultados e não se olha para o conteúdo”
ram de ter o foco como tinham até então. A seguir, há a saída do Fernando Andrade para o FC Porto, que é mais um revés e ainda temos também a lesão do Anderson. Se não nos reforçássemos bem, podíamos ter tido dissabores. A sorte foi que os que ficaram e os que entraram vieram dar, novamente, estabilidade ao grupo. Mas houve cerca de dois meses onde pontuámos pouco e isso foi preocupante. Qual das duas apostas teve mais risco: o Santa Clara no João Henriques ou o João Henriques no Santa Clara? —Penso que foram duas apostas seguras. Obviamente que uma equipa que vem da II Liga, onde toda a gente imaginaria que seria o principal candidato a descer, tem o seu risco, da mesma forma que o João Henriques tinha feito quatro meses no Paços de Ferreira e desceu de divisão! Muitas vezes olha-se para os resultados e não se olha para o conteúdo. Felizmente, o Diogo Boa Alma e o presidente Rui Cordeiro olharam para o conteúdo daquilo que tinha sido o meu trajeto no Leixões e no Paços de Ferreira: as boas exibições, a equipa organizada e equilibrada, e apostaram. Da mesma forma como foi uma aposta minha num clube que vinha para aI Liga após vários anos, onde toda a gente pensava que seria o patinho feio deste campeonato. Afinal, nada disso se confirmou e podemos respirar felicidade.