O Jogo

“ATLETAS FORAM HERÓIS”

Álvaro Magalhães deixa o clube algarvio com o objetivo cumprido e considera que houve dedicação, competênci­a e disciplina, após “três meses dos mais difíceis” da sua carreira

- HÉLIO NASCIMENTO

O treinador apelida os jogadores de heróis, não esquece os adeptos e fala de um grande controlo emocional, depois de ter passado noites sem dormir, fruto de “uma pressão terrível, quase doentia”

Duas vitórias nas duas últimas jornadas permitiram ao Farense terminar o campeonato numa posição honrosa, como sublinha Álvaro Magalhães, depois de três meses complicado­s, que culminaram com a suspensão de Jorge Ribeiro, após um incidente com o dirigente André Geraldes. O Álvaro vai deixar o Farense… sai de consciênci­a tranquila? —Claramente. O objetivo foi cumprido. Pediram-me a permanênci­a, o que foi conseguido, com muito trabalho, dedicação, competênci­a e disciplina. Aliás, sem disciplina não haveria sucesso. E também com um enorme controlo emocional, porque, para além das questões técnicas e táticas, o aspeto psicológic­o foi fundamenta­l. Foi um trabalho árduo, numa segunda volta de todas as decisões, e deixo já o meu agradecime­nto aos jogadores. Mas passou um mau bocado, quando a equipa andava pelos lugares mais perigosos da tabela? —Passei noites sem dormir, com uma pressão terrível, quase doentia, sobretudo porque a equipa tinha de estar preparada para os bons momentos e para os menos bons. Houve dedicação, rigor, inclusive fora do campo, e os jogadores mentalizar­am-se para a carga que havia à nossa volta, sabendo que esta II Liga é bastante competitiv­a. E o Farense não teve reforços em janeiro, ao contrário de outras equipas. Saiu o Ryan Gauld, que era peça fundamenta­l, e não entrou ninguém? —Cheguei em fevereiro, numa altura crucial da época, em que a equipa tem de estar bem preparada, e ele já tinha saído. Se tem havido algum ajustament­o podia ser mais agradável, mas eu nem estava cá. A concorrênc­ia interna faz bem a todo o plantel, torna-o mais equilibrad­o, mas, mesmo assim, terminámos no 10.º lugar que acaba por ser um 8.º, se excluirmos os conjuntos B do FC Porto e do Benfica. Creio que é uma classifica­ção honrosa, já que, nas derradeira­s jornadas, havia grande quantidade de equipas com a mesma pontuação. E depois houve as saídas de Markovic e Delmiro. —A SAD assim decidiu, é natural. A vitória em Mafra, na penúltima jornada, foi fundamenta­l? —Todas as vitórias foram fundamenta­is nesse período deveras difícil. Note-se que apanhei, pouco depois de ter chegado, quase todas as equipas que lutavam para subir. Como é que o grupo e a equipa técnica ultrapassa­ram o incidente do Jorge Ribeiro com André Geraldes? —O treinador tem essa experiênci­a, porque os problemas podem surgir quando menos se espera. Não foi nada com o treinador nem com o plantel, tratou-se de um assunto particular entre um jogador e um dirigente. Como ultrapassá-lo? Olhe, nunca falei no assunto no balneário e os jogadores mantiveram alegria no trabalho. Mas havia indiscipli­na no grupo? —Não. Preparei sempre equipa para atuar dentro das quatro linhas. O treinador era o mais pressionad­o, mas os jogadores estavam mentalizad­os. Sobre o Jorge Ribeiro posso dizer que é fantástico e que, com 37 anos, corre mais do que muitos outros. Foi suspenso e fazia falta, mas preparei o Fábio Nunes e ele desempenho­u a função com nota máxima. Aliás, todos os atletas foram heróis e merecem a alegria de terem mantido um emblema histórico na II Liga. Mas foram três meses dos mais difíceis da minha carreira.

E agora, o que vai fazer? —Acabei contrato e vou feliz, de férias, para estar com a família e matar saudades do meu neto. Aproveito para deixar um agradecime­nto especial aos adeptos, à claque, que é fantástica, ao presidente João Rodrigues, ao Manuel Balela e a mais uns outros.

“O Farense não teve reforços em janeiro, ao contrário de outras equipas”

Álvaro Magalhães

Treinador do Farense “O Jorge Ribeiro é fantástico, e, com 37 anos, corre mais do que muitos outros”

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