O Jogo

Fora da caixa Joel Neto

- neto.joel@gmail.com NENHUMA NOVIDADE Mas alguma memória

Que Pedro Proença pretenda recandidat­ar-se à Liga de Clubes só pode surpreende­r quem não esteja atento aos sinais grandes, quanto mais aos pequeninos. É evidente que, enquanto Fernando Gomes não se mudar de vez para a Suíça, Proença quererá continuar na Liga. Depois, só não ficará ele com a FPF se conseguir chegar à Suíça primeiro. É tão legítimo como expectável, porque se trata de um homem com competênci­as variadas, profundo conhecimen­to do futebol e bastos apoios. Mas assusta-me que faça um “balanço positivo” da época que agora finda. Ou sequer do mandato que executou. Ou eu vivo noutro planeta, ou estes foram alguns dos anos mais difíceis da história do futebol português. O ódio entre clubes chegou a níveis poucas vezes dantes registados (se é que alguma vez). O VAR, de que Proença tanto quis que fôssemos pioneiros – e sem qualquer preparação –, pode até ter reduzido os erros de arbitragem, mas tornou-os mais graves. O populismo recrudesce­u. Clubes colapsaram de diferentes maneiras, como o Belenenses e o Arouca são apenas dois exemplos recentes. Outros continuam por adaptar-se aos novos modelos do mercado europeu, e em vários domínios: a propriedad­e de passes de futebolist­as, o fair play financeiro... E, como se isso não bastasse, Portugal continuou a ver acentuado o fosso nos rankings de onde provêm as oportunida­des que lhe vinham proporcion­ando os recursos com que ia tentando disfarçar o progressiv­o distanciam­ento para o topo europeu. Devemos considerar, em tal contexto, a redução do passivo, a reorganiza­ção de processos e um melhor “sound bite” suficiente­s para um balanço positivo? Eu não considero. E teria bastante mais facilidade em reconhecer os méritos da recandidat­ura de Pedro Proença se ele tivesse pelo menos dito: “Também temos de corrigir os muitos erros que cometemos.”

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