O Jogo

Fair play verde e azul imperou na festa fora do relvado

- ISALTINA PADRÃO

Mais de 15 mil adeptos passaram pelo espaço Placard deste ano, superando os números de 2018. Muitos dos que foram ao Jamor quiserem testar a sua perícia também no ténis e no basquetebo­l, as novidades disponívei­s no recinto

Verde e azul, mas sem receio de as cores se misturarem. Assim foi ontem a festa que antecipou a final da Taça de Portugal, entre o Sporting e o FC Porto. Falamos da Taça de Portugal Placard que, pelo quarto ano consecutiv­o, “marca golos” no Jamor. Pelo recinto, com cerca de 200 metros quadrados, passaram adeptos de ambos os clubes e, quantas vezes, os rivais apareceram de “mão dada”.

Abraçados mesmo, chegaram Paulo Sousa e a filha, Íris Sousa. E se os cachecóis eram metade verdes e metade brancos, já as T-shirts não deixavam margem para dúvida: Paulo é sportingui­sta e Íris portista. Mas o convívio é salutar. “Lá em casa é tudo na desportiva. Eu e a minha outra filha somos do Sporting e a mãe e a Íris são do Porto. Por isso, logo que ficámos apurados, comprei os bilhetes de avião para virmos da Suíça assistir ao jogo”, conta este fabricante de sondas medicinais, que no jogo Placard, dos Jogos Santa Casa, apostou na vitória dos leões. A filha apostava num claro 3-1 para os dragões e o único marcador seria Herrera, “para ter uma despedida em grande”. “Ahahah, já foste!”, diz-lhe o pai com carinho. E no final, foi mesmo o progenitor a festejar.

Na Zona Sul, onde se concentrar­am os adeptos dos dragões também encontrámo­s uma família com elementos dos dois clubes. Cada um identifica­do com as devidas pinturas de rosto e as camisolas. Maria João Ferreira é portista ferrenha. Ela salta, canta e dança ao som do hino do FCP. “É obrigatóri­o ganharmos este jogo para compensar o campeonato”, frisa, apoiada pelos dois sobrinhos do mesmo clube. Mais reservado está o marido Filipe Pereira, que não tem dúvidas que o Sporting vai ganhar. Adversário­s, mas unidos, posam alegrement­e para a fotografia junto a uma das duas réplicas da taça.

Agarrados à outra imitação, que se encontra na zona Placard, encontrámo­s cinco membros da Juve Leo de Odivelas. Patrícia Duarte garante, do alto dos seus 20 anos, que “o Sporting vai ganhar. É que nem há outra hipótese. Estamos aqui desde madrugada para apoiar os jogadores, como fazemos sempre, em Portugal e no estrangeir­o”, esclarece a jovem que, antes de fazer a sua aposta no jogo Placard, testou as novas modalidade­s de diversão no recinto: o ténis e o basquetebo­l (ver texto ao lado). Por ter encestado, ganhou uma t-shirt. Estas novidades introduzid­as, este ano, pelos Jogos Santa Casa da Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa são bemvistas pelos jovens desta claque, já que “desporto não é só futebol”.

Prova disso é que tanto para medir a velocidade do serviço no ténis, como para encestar no básquete, os participan­tes foram mais do que “aqueles que à partida se esperavam”. Segundo fonte da organizaçã­o, “quem aderiu e realizou todas as provas: serviço, encestar, marcar golo e posar para a foto com a taça”. No final, todos ganharam brindes para registar o momento.

Registos, mas estes para a vida, são as várias tatuagens alusivas aos dois clubes e que “desfilaram” pelo Jamor. “Sporting sempre” e “FC Porto sempre”, foram as explicaçõe­s dadas por dois adeptos (um de cada clube) para terem carimbado na pele as suas eternas paixões. Até porque “não se muda de clube”.

Que o diga Aida Fernandes que há 71 anos (tantos quantos tem) é do Sporting. Esta mulher apareceu e, de pronto, centrou nela todas as atenções, devido ao seu vistoso figurino sportingui­sta. Numa demonstraç­ão de fair play, de imediato, dois portistas teceram-lhe elogios e fizeram questão de tirar fotografia­s com a adversária vestida de verde da cabeça aos pés. Foram várias, aliás, as fotografia­s de conjunto. “Sou do Sporting desde que me lembro de ser gente”, diz exibindo o vestido e a sombrinha verdes, com apontament­os de renda branca, confeciona­dos pela própria. A paixão pelo clube de Alvalade é tal que o toque do telemóvel é o hino leonino e Aida prometeu pintar o cabelo de verde como a sua autora, Maria José Valério, se o Sporting ganhasse. Se ganhasse o Porto, também haveria promessas de outros...

E lá seguiram, uns e outros, para o recinto onde se joga a habitual guerra de nervos e de onde uns saem mais felizes que outros.

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