O Jogo

COMO SE DIZ GELSEN KIRCHEN?

Há 15 anos, o FC Porto jogou a final da Champions com o Mónaco e venceu por 3-0. Uma história de ouro

- CARLOS PEREIRA SANTOS

Vítor Baía, Maniche e Pedro Mendes recordam para O JOGO os momentos felizes que essa equipa viveu em 2004, com um treinador que era um craque a motivar os jogadores

Gelsenkirc­hen não é uma palavra fácil para um português, mas há 15 anos, principalm­ente os adeptos do FC Porto – e os portuguese­s de boa fé, de uma forma geral – até aprenderam a dizê-la. É o nome da cidade onde o FC Porto se sagrou pela segunda vez na sua história campeão europeu. 26 de maio de 2004, ainda o nome dos meses se escrevia com letra maiúscula, ainda não tinha entrado em vigor o novo tratado da Língua Portuguesa. O tratado era outro, era o FC Porto, um verdadeiro tratado a jogar futebol, uma equipa que encantava, e um treinador que preparava a sua despedida do clube, depois de na época anterior ter alcançado a vitória na Taça UEFA. O FC Porto tornava-se na primeira equipa, em 27 anos, a vencer a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em dois anos consecutiv­os, igualando o registo do Liverpool que entre 1976 e 1977 conquistou os dois troféus máximos da UEFA. Sim, aquele FC Porto respirava futebol e cedo se percebeu que o impossível não existia para os comandados de Mourinho. “Vencer a Champions era realmente uma missão muito difícil, mas nós estávamos mentalizad­os para conquistar impossívei­s. Em miúdo, estive na Baixa a festejar o título de 1987 e aqueles jogadores que cresceram no FC Porto, como eu e o Jorge Costa, sonhavam em fazer algo idêntico para ficarem na história”, memória de Vítor Baía, o guarda-redes que nessa final com o Mónaco evitou o primeiro estrago dos monegascos, logo aos dois minutos, quando Giuly se isolou. “Era uma das minhas missões, controlar a profundida­de do ataque do Mónaco, que tinha em Giuly um perigo. Era muito veloz. Felizmente, saí-me bem e o Giuly até se lesionou nesse lance”, recordou.

O avançado seria substituíd­o aos 23 minutos por Prso. “Tínhamos muita confiança nas nossas capacidade­s e o discurso de Mourinho antes do jogo foi impecável. Era um mestre na motivação. Não falou muito, mas marcou com insistênci­a a frase de que as finais são para se ganhar”, conta ainda o guarda-redes.

Esse jogo da final nem foi muito difícil para Vítor Baía. A

“Não tive muito trabalho, mas fiz trabalho de qualidade nos momentos certos” Vítor Baía Ex-guarda-redes do FC Porto

equipa do Mónaco, orientada por Deschamps, não conseguiu nunca superioriz­ar-se ao FC Porto, a partir do momento em que ficou a perder (Carlos Alberto, 39’). “O início foi mais complicado, e o Mónaco não era uma equipa qualquer. Tinha eliminado o Real Madrid, que tinha vencido o nosso grupo. Não tive muito trabalho, mas fiz trabalho de qualidade nos momentos em que foi necessário. Nesse percurso até à final realmente houve jogos mais exigentes, como foi o caso do encontro com o United”, diz ainda Baía.

Pedro Mendes, que nesse encontro alinhou de início, diz que o grande segredo dessa equipa foi a relação que os jogadores tinham extra-relvado: “Éramos uma verdadeira família e isso foi muito importante. Esse jogo não foi o que mais marcou a minha carreira, mas em termos de conquista foi inigualáve­l.”

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Maniche foi peça nuclear na caminhada portista

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