Trincão brilha no arranque do campeonato do mundo
Sub-20 começam com o pé direito
Frente a uma Coreia do Sul muito expectante, Portugal dispôs de oportunidades suficientes para sentenciar o jogo no primeiro tempo. Um estranho desperdício A geração de 99 de Portugal entusiasma e parece ser um poço sem fundo de talento, mas não conseguiu fazer um jogo inteiro a um nível elevado frente à Coreia do Sul, chegando mesmo a passar por um mau bocado para assegurar uma magra vitória no primeiro teste do Grupo F do Mundial de sub-20. Tratou-se de uma saudável desilusão, porque a seleção comandada por Hélio Sousa chegou a ser claramente superior, não conseguindo, porém, materializar em mais do que um golo o domínio absoluto que impôs até ao intervalo. Convém desligar rapidamente esse complicómetro, pois o jogo com a Argentina é já na terça-feira e o adversário não brinca em serviço, seja qual for o escalão, com algo a fazer lembrar Maradona (os argentinos foram campeões do mundo em sub20 com ele há 40 anos) ou não.
Muito recuada no terreno e somente a (tentar) explorar as costas da defesa da seleção portuguesa, os sul-coreanos colocaram-se a jeito bem cedo e, curiosamente, acabaram por ser batidos por Francisco Trincão num puro movimento de transição, superiormente interpretado por Jota, inteligente a rasgar pela esquerda e depois a servir o número 17, um extremo que mais parece um ponta de lança tantas são as vezes em que aparece na área a faturar. Para desgraça dos asiáticos, ainda havia Rafael Leão e os laterais Dalot e Rúben Vinagre também estavam bem afinados nos cruzamentos para a área, mas faltava definição e, na melhor das oportunidades para Portugal, após o golo madrugador de Trincão, Jota concluiu por cima um belo tricotado por Rafael Leão e Miguel Luís.
Tudo espremido, apesar do tal domínio da Seleção Nacional, foi manifestamente pouco em ocasiões flagrantes de golo e o segundo tempo revelou-se um castigo, com a Coreia do Sul a causar inexplicáveis calafrios através de três cantos e um par de arrancadas, ainda que atabalhoadas. A verdade é que Portugal abanou e, durante largos períodos, parecia que estava a defrontar uma equipa com a mesma valia. Semelhante impressão perdurou até ao fim e, nessa medida, Hélio Sousa até lançou em campo Nuno Pina, um médiodefensivo, para conferir um pouco mais de garra à equipa e, eventualmente, dar uma mão aos centrais Diogo Queirós e Diogo Leite, que, mesmo nos momentos de alguma aflição, até chegaram e sobraram paraasencomendas.Oproblema nunca residiu ali, foi antes no meio-campo, que tão depressa baralhou o adversário como depois foi vítima da sua teia defensiva, ora em 5x3x2, quando fazia de conta que atacava (em jeito de “seguremme que vou-me a eles”), ora em 5x4x1, sempre que Portugal metia velocidade e, por entre trocas de posições e a bola bem guardada, parecia sitiar a baliza à guarda de Lee Gwang, este muito seráfico a encarar Rafael Leão (viu um golo anulado por fora de jogo), Jota e Trincão, entre outros. Incumbido de desempenhar o papel de agitador no segundo tempo, Pedro Neto teve uma influência residual. Em modo automático, Portugal não fere, apenas segura vantagens.