O Jogo

Júlio Mendes bate com a porta

Presidente e Direção queixam-se de “clima de guerrilha” e demitem-se

- TOMAZ ANDRADE

Pouco mais de um ano após ter sido reeleito, Júlio Mendes diz que a oposição nunca aceitou o resultado e partiu para os insultos. Clubes olham para ele como figura consensual para se candidatar à Liga

O anúncio apanhou toda a gente de surpresa. Numa suposta conferênci­a de Imprensa destinada a fazer o balanço da época, Júlio Mendes entrou no auditório do centro de treinos acompanhad­o pela restante Direção e presidente­s do Conselho Fiscal e Conselho de Jurisdição e, depois de ler um longo comunicado, apresentou a renúncia ao cargo de presidente do Vitória. A restante Direção e órgãos sociais saem também com Mendes.

A divisão da massa associativ­a entre os que apoiam e criticam a Direção, cenário especialme­nte potenciado após o último ato eleitoral, em março de 2018, e a impossibil­idade de alterar o modelo da SAD, de maneira a atrair investimen­to externo, estiveram na base da decisão de Júlio Mendes. O ainda presidente não está disponível para concorrer a novo ato eleitoral, posição que se estende a todos os elementos da equipa diretiva, mas tal não invalida que seja visto como uma figura que reúne consensos, dentro e fora do G15, para se candidatar a presidente da Liga. Até 7 de junho é possível apresentar uma lista para concorrer com Pedro Proença e, nesse sentido, Júlio Mendes é um nome bem visto por muitos clubes depois de um período de mais de sete anos como líder do Vitória.

Na última jornada do campeonato, quando o Vitória recuperou o quinto lugar ao Moreirense com um triunfo em casa do vizinho, Armando Marques, vice-presidente e homem forte do futebol, foi alvo de muitas críticas por uma parte dos adeptos em pleno estádio. Esse momento ajudou Júlio Mendes a tomar esta decisão. “Parte dos sócios do Vitória não foi capaz, nunca, de aceitar verdadeira­mente os resultados da eleição. O que não pode suceder é que se instale um ambiente perma

“O clube está dividido, com permanente­s conspiraçõ­es e posturas de descrença”

Júlio Mendes Presidente demissioná­rio do V. Guimarães

nente de insulto, de injúria e de indisfarçá­vel desejo de fracasso do Vitória. Hoje, decorrido pouco mais de um ano sobre as últimas eleições, o clube está dividido, com permanente­s conspiraçõ­es e posturas de descrença e desunião, tais como aquelas que ocorreram, de forma inacreditá­vel, no fim de mais uma brilhante vitória do nosso Vitória, que permitiu alcançar o quinto lugar na classifica­ção final”, justificou Júlio Mendes.

Num comunicado de 16 páginas, com quase 15 mil caracteres e com um tempo de leitura de 20 minutos, sem direito a perguntas no final, o presidente demissioná­rio destacou também o modelo de SAD. “Sem financiame­nto acionista, que só pode ser feito se e quando for alterado o modelo de governo da SAD, muito dificilmen­te poderão ser obtidos melhores resultados desportivo­s, porque a mesma não consegue gerar receitas ordinárias que lhe permita manter os seus principais ativos e proceder, ao mesmo tempo, ao seu reforço.” Queixando-se de que em seis anos a SAD apenas recebeu 2,7 milhões de euros dos acionistas externos, respeitant­e a 60 por cento do capital social, Júlio Mendes voltou a destacar os dois motivos para a renúncia ao cargo. “Existe uma franja de sócios que persiste em alimentar ataques de natureza pessoal, fomentar insultos inaceitáve­is, tudo numa lógica de ascender ao poder. Esta franja deixou bem claro na Assembleia Geral Extraordin­ária de setembro de 2018 que pretende manter inalterado o atual modelo de SAD, condenando o clube à estagnação.”

JÚLIO MENDES “Existe uma franja de sócios que persiste em alimentar ataques de natureza pessoal, fomentar insultos inaceitáve­is, tudo numa lógica de ascender ao poder”

“Franja de sócios pretende manter inalterado o modelo de SAD” “Sem financiame­nto acionista muito dificilmen­te poderão ser obtidos melhores resultados”

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