O Jogo

Opinião Klopp e Linders

- Manuel Queiroz

O Liverpool era o favorito e ganhou no Wanda em Madrid a final inglesa da Liga dos Campeões. Tinha ganho duas vezes ao Tottenham na Premier League (2-1) e desta vez não houve sequer golo do adversário. Era a melhor equipa, de um nível fantástico – não ganhou a Premier mas só teve uma derrota, contra quatro do City que foi o campeão – e a sua defesa voltou a ser decisiva. Os londrinos só conseguira­m um remate enquadrado na baliza já a noite ia alta e depois estava lá Allison, seguríssim­o. Uma final marcada pelo calor (20 e muitos graus na capital espanhola à hora do jogo) e pelo penálti no primeiro minuto: os especialis­tas dizem que a decisão do esloveno Skomina, junto ao lance e sem hesitações a assinalar o castigo máximo, foi correta, porque há um ressalto no corpo antes de a bola ir ao braço de Sissoko mas o braço estava muito fora do corpo. Pois, mas a bola vem de muito perto. Aos 22 segundos… Jurgen Klopp ganhou finalmente uma final, depois de perder seis seguidas (tinha ganho a primeira com o Borussia Dortmund, ao Bayern) e deu um exemplo sempre de sobriedade. Não invocou os deuses, não se descompôs, porque ele sabe que o futebol pode ser muito traiçoeiro e cruel. Esperou e ganhou a Liga dos Campeões, a sexta de um clube que há 29 anos não ganha o campeonato inglês. É o terceiro clube com mais troféus da Champions, atrás de Real Madrid e Milan. É uma grande história esta do Liverpool, nascido de uma cisão do Everton (cujo estádio se vê de Anfield) e numa cidade que respira futebol e Beatles. A final foi fraquinha mas coroou um treinador e o seu assistente holandês Pepijn Linders, que alguns depreciati­vamente chamavam de ‘fintas’ quando estava no FC Porto a treinar tecnicamen­te jogadores como João Félix, André Silva ou Rúben Neves. Outros tempos esses, agora Linders é rapaz para outros voos. Outros há que não saem do chão... Linders tem hoje grande importânci­a no Liverpool como primeiro assistente de Klopp. Era a primeira final do Tottenham na Champions e isso viu-se – a equipa precisou de muito tempo para encontrar um equilíbrio emocional mínimo. E Pochettino preferiu Harry Kane, vindo de lesão, a Lucas Moura, que lhe tinha dado a final e Kane desiludiu. Há uma certa justiça poética nas derrotas assim.

A final foi fraquinha mas coroou um treinador e o seu assistente Pepijn Linders, que alguns chamavam de fintas no FC Porto

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