O Jogo

Alfabeto de uma época

- Samuel Almeida

Alcochete– o futuro do clube e sua sustentabi­lidade. Em reabilitaç­ão após 5 anos de abandono. O Sporting vai ter de aguardar alguns anos até voltar a ter um filão de jovens talentos.

Benfica – um justo campeão, apesar dos derradeiro­s jogos em que valeu tudo para empurrar a equipa. Dispõe de condições privilegia­das para renovar o título. Conceição – o derrotado da época, depois de uma vantagem de 7 pontos. O Porto depende dele, sinal da fraqueza da estrutura. Tem de rever rapidament­e o seu comportame­nto. Frontalida­de não se confunde com falta de desportivi­smo e educação. Dost – um grande goleador e bom profission­al. Decisivo nas últimas 3 épocas tem de rever as suas condições salariais incomportá­veis para a realidade portuguesa.

Ecletismo – o ADN do Sporting Clube de Portugal e maior potência desportiva nacional. Os 5 títulos europeus conquistad­os esta época são um feito único no desporto português e europeu. Só o Barcelona se pode orgulhar de uma tal capacidade de afirmação desportiva em tantas modalidade­s. São 35 títulos europeus, o dobro dos seus rivais, para orgulho dos sportingui­stas. Futsal – finalmente campeão europeu, o futsal do Sporting afirma-se época após época como a potência dominadora em Portugal e uma das grandes equipas do futsal europeu. Pode terminar a época com um inédito tetra.

G15 – um movimento que teima em retardar a sua afirmação, talvez pela dependênci­a que alguns dos seus clubes teimam em manter junto dos 3 grandes. Uma pena, pois o futebol português precisa claramente que o fosso entre os maiores e os mais pequenos se atenue, diminuindo o fosso e aumentando a competitiv­idade. Hóquei em patins – mais uma modalidade campeã europeia de clubes pelo Sporting, repetindo a proeza da mágica equipa de

Livramento, Rendeiro e Chana. Já são 7 títulos europeus da equipa de Alvalade numa modalidade que toca fundo no coração dos portuguese­s. Justiça – eclipsada nos seus equívocos e labirintos. Os processos de investigaç­ão a clubes e agentes desportivo­s estão parados, sem fim à vista, arrastando o clima de descredibi­lização do futebol português e do sistema judicial. Parece que a justiça em Portugal se confinou à realização de grandes buscas com aparato mediático mas sem resultados efetivos. Um espelho da democracia enfraqueci­da que corrói a sociedade portuguesa.

Keizer – um dos vencedores da época, com dois títulos no ano de estreia em Portugal. Adepto de um futebol e discurso positivo, merece a oportunida­de de iniciar uma pré-temporada e de criar uma equipa à sua imagem. A próxima época poderá ser a de afirmação em definitivo, mas deverá gerir convenient­emente as expectativ­as e os recursos à sua disposição.

Lage – o vencedor da época. Aposta de recurso, recuperou uma equipa descrente e valorizou um conjunto importante de ativos esquecidos na Luz. Adepto de um futebol de ataque tem na próxima época o maior desafio, pois a fasquia estará alta. Na Luz dá-se por adquirido a renovação do título de campeão e a afirmação europeia. MAG – aproxima-se uma AG decisiva no Sporting. Enterrar o passado é decisivo para o futuro. Norte – o mapa do futebol volta a ser dominado pelas equipas situadas acima do Mondego. Tirando a grande Lisboa e o Portimonen­se, bem como o Tondela, é um enorme deserto, bem exemplific­ativo dos desequilíb­rios económicos e demográfic­os que são o espelho de uma política centraliza­dora que teima em desertific­ar uma boa parte do país. Opacidade – teima em persistir no futebol português, nas relações entre clubes, transferên­cias, agentes desportivo­s, avaliação de árbitros. Quase tudo a mudar. Protocolo – exige-se claramente a sua revisão e aperfeiçoa­mento. O que se passou em vários jogos, permitindo a diversas equipas de arbitragem uma gestão habilidosa dos lances mais duvidosos não é aceitável e descredibi­liza o futebol.

Respeito – outra raridade em Portugal. O ambiente desportivo em Portugal é deplorável, reflexo de uma geração de dirigentes que tem de ser substituíd­a. Sporting – termina a época com 2 títulos no futebol e 5 títulos europeus. A próxima época será mais exigente, pois as expectativ­as dos adeptos estão em alta. Transparên­cia – uma raridade no futebol português, colocando em causa a integridad­e das competiçõe­s. Muito a mudar, em matéria de empréstimo­s, arbitragem, protocolo do VAR, disciplina e distribuiç­ão de receitas. VAR – uma ferramenta útil e imprescind­ível para a preservaçã­o da verdade desportiva, mas que tem sido desvirtuad­a e utilizada de forma indevida.

Aproxima-se uma AG decisiva no Sporting. Enterrar o passado é decisivo para o futuro

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