Alfabeto de uma época
Alcochete– o futuro do clube e sua sustentabilidade. Em reabilitação após 5 anos de abandono. O Sporting vai ter de aguardar alguns anos até voltar a ter um filão de jovens talentos.
Benfica – um justo campeão, apesar dos derradeiros jogos em que valeu tudo para empurrar a equipa. Dispõe de condições privilegiadas para renovar o título. Conceição – o derrotado da época, depois de uma vantagem de 7 pontos. O Porto depende dele, sinal da fraqueza da estrutura. Tem de rever rapidamente o seu comportamento. Frontalidade não se confunde com falta de desportivismo e educação. Dost – um grande goleador e bom profissional. Decisivo nas últimas 3 épocas tem de rever as suas condições salariais incomportáveis para a realidade portuguesa.
Ecletismo – o ADN do Sporting Clube de Portugal e maior potência desportiva nacional. Os 5 títulos europeus conquistados esta época são um feito único no desporto português e europeu. Só o Barcelona se pode orgulhar de uma tal capacidade de afirmação desportiva em tantas modalidades. São 35 títulos europeus, o dobro dos seus rivais, para orgulho dos sportinguistas. Futsal – finalmente campeão europeu, o futsal do Sporting afirma-se época após época como a potência dominadora em Portugal e uma das grandes equipas do futsal europeu. Pode terminar a época com um inédito tetra.
G15 – um movimento que teima em retardar a sua afirmação, talvez pela dependência que alguns dos seus clubes teimam em manter junto dos 3 grandes. Uma pena, pois o futebol português precisa claramente que o fosso entre os maiores e os mais pequenos se atenue, diminuindo o fosso e aumentando a competitividade. Hóquei em patins – mais uma modalidade campeã europeia de clubes pelo Sporting, repetindo a proeza da mágica equipa de
Livramento, Rendeiro e Chana. Já são 7 títulos europeus da equipa de Alvalade numa modalidade que toca fundo no coração dos portugueses. Justiça – eclipsada nos seus equívocos e labirintos. Os processos de investigação a clubes e agentes desportivos estão parados, sem fim à vista, arrastando o clima de descredibilização do futebol português e do sistema judicial. Parece que a justiça em Portugal se confinou à realização de grandes buscas com aparato mediático mas sem resultados efetivos. Um espelho da democracia enfraquecida que corrói a sociedade portuguesa.
Keizer – um dos vencedores da época, com dois títulos no ano de estreia em Portugal. Adepto de um futebol e discurso positivo, merece a oportunidade de iniciar uma pré-temporada e de criar uma equipa à sua imagem. A próxima época poderá ser a de afirmação em definitivo, mas deverá gerir convenientemente as expectativas e os recursos à sua disposição.
Lage – o vencedor da época. Aposta de recurso, recuperou uma equipa descrente e valorizou um conjunto importante de ativos esquecidos na Luz. Adepto de um futebol de ataque tem na próxima época o maior desafio, pois a fasquia estará alta. Na Luz dá-se por adquirido a renovação do título de campeão e a afirmação europeia. MAG – aproxima-se uma AG decisiva no Sporting. Enterrar o passado é decisivo para o futuro. Norte – o mapa do futebol volta a ser dominado pelas equipas situadas acima do Mondego. Tirando a grande Lisboa e o Portimonense, bem como o Tondela, é um enorme deserto, bem exemplificativo dos desequilíbrios económicos e demográficos que são o espelho de uma política centralizadora que teima em desertificar uma boa parte do país. Opacidade – teima em persistir no futebol português, nas relações entre clubes, transferências, agentes desportivos, avaliação de árbitros. Quase tudo a mudar. Protocolo – exige-se claramente a sua revisão e aperfeiçoamento. O que se passou em vários jogos, permitindo a diversas equipas de arbitragem uma gestão habilidosa dos lances mais duvidosos não é aceitável e descredibiliza o futebol.
Respeito – outra raridade em Portugal. O ambiente desportivo em Portugal é deplorável, reflexo de uma geração de dirigentes que tem de ser substituída. Sporting – termina a época com 2 títulos no futebol e 5 títulos europeus. A próxima época será mais exigente, pois as expectativas dos adeptos estão em alta. Transparência – uma raridade no futebol português, colocando em causa a integridade das competições. Muito a mudar, em matéria de empréstimos, arbitragem, protocolo do VAR, disciplina e distribuição de receitas. VAR – uma ferramenta útil e imprescindível para a preservação da verdade desportiva, mas que tem sido desvirtuada e utilizada de forma indevida.
Aproxima-se uma AG decisiva no Sporting. Enterrar o passado é decisivo para o futuro