ARTE E FUTEBOL NO
FESTIVAL O Cine Futebol Clube vai para a quarta edição, cruzando arte com futebol e mostrando como é mais do que um jogo
Vencedor do Cinefoot do Rio de Janeiro – “As Copas por um clique” – será um dos filmes exibidos no certame que terá várias atividades paralelas, como um relato ao vivo da final da Liga das Nações
O próximo fim de semana, de 8 e 9 de junho, é o da final da Liga das Nações e, para quem aprecia outro tipo de pontapés na monotonia, o da quarta edição do Cine Futebol Clube. E os dois até podem misturar-se no final deste enredo, que começou por ser uma ideia de um grupo de amigos, depois passou à prática graças a outros dois e até tem vindo a crescer, ano após ano. Desta vez, as sessões serão em Penafiel, no Cinemax, cujo convite, de braço dado com uma parceria institucional com a Câmara Municipal daquela cidade, não podia ser recusado, até pela maior comodidadeproporcionadapelo espaço.
A ideia de fazer um cruzamento entre futebol e arte, nomeadamente cinema e literatura, servia já de tema a um projeto sob a forma de blogue dos jornalistas Rui Frias e Sérgio Pires (Diário de Notícias e Maisfutebol, respetivamente). Algumas conversas com outros amigos da área dos média que partilhavam essa vontade – Ivo Costa, da Sport TV, César Nóbrega, Rádio Nova, e Francisco Ferreira, TVI – e com a entrada em cena de Raquel Gomes e Alfredo Costa, da agência Busílis da Comunicação – levaram o grupo a avançar.
“Apercebemo-nos de que estavam a aparecer vários festivais sobre cinema e futebol – no Rio de Janeiro, Nova Iorque, até por causa da febre atual gerada pelo ‘soccer’ e a MLS, Berlim, Barcelona, este associado à revista Panenka. A dúvida era saber até que ponto haveria por cá público interessado na vertente cultural do futebol”, lembra Rui Frias a propósito dos primórdios do festival, que acabou por ter um inesperado, porém decisivo, impulso, quase como nos filmes: “A primeira edição coincidiu com a fase final do Euro’2016, o que acabou por ser a altura ideal”. Foi a 8 e 9 de julho de 2016 e um dia depois, a 10, Portugal sagrou-se campeão europeu. Histórico! Cartaz inclui “longa” portuguesa Este ano, o cartaz contempla três longas metragens e seis curtas, de origens tão diversas como o Médio Oriente, América do Sul (do Brasil chega “As Copas por um clique”, vencedor do Cinefoot do Rio em 2018) e Europa, incluindo Portugal, onde o futebol também é rei mas a produção cinematográfica sobre ele escasseia. “Até lá abaixo” é o filme português em exibição nesta edição do festival, depois de na anterior ter passado “Dias de jogo”, documentário de Guilherme Cabral e Nuno Duarte, o famoso “Jel” dos “Homens da Luta”.
“A nossa filosofia é um pouco alternativa, é tentar perceber o cruzamento entre futebol e política, religião, perceber em que medida é um fenómeno cultural global e não só um jogo”. Rui Frias explica a visão dos organizadores do Cine FC e algumas dificuldades próprias deste tipo de festivais: “A escolha dos filmes é feita através de pesquisa que vamos fazendo ao longo do ano, seguimos outros festivais de cinema; depois contactamos as produtoras para saber se cedem os filmes. Algumas cedem-nos gratuitamente e até agradecem, outras produções maiores pedem ‘fees’ de visualização. Temos um orçamento e é preciso gerir. As plataformas de streaming, como Netflix ou Amazon, açambarcam muitos filmes e torna-se mais complicado ter ofertas acessíveis”.
Paralelamente à exibição dos filmes, o festival tem outras atividades e este ano com uma forte ligação ao FC Penafiel, cujos escalões jovens terãoportasabertasnodomingo após uma curta metragem dedicada precisamente ao futebol de formação, seguida de um debate com técnicos, entre eles do clube duriense.