O Jogo

GUSTAVO SAUER

“Vivo a melhor fase da carreira”

- ANA LUÍSA MAGALHÃES

Depois de várias aventuras pelo mundo fora, Gustavo Sauer chegou ao Boavista em janeiro e com problemas físicos, mas a tempo de se tornar imprescind­ível para Lito Vidigal. Agora, a ideia é continuar por cá

Gustavo Affonso Sauerbeck, 26 anos e já um trotamundo­s: do Joinville, no Brasil, para a Arménia (Gandzasar), Coreia do Sul (Daejeon) e Bulgária (Botev Plovdiv) antes de pegar de estaca no Boavista. O percurso aguça uma curiosidad­e confirmada pelas respostas. Entre muita aprendizag­em, houve sonhos e pesadelos até ao cenário ideal no Bessa. Como é que um brasileiro vai parar à Arménia?

—Não tive muitas oportunida­des quando deixei a formação e isso no Brasil é normal. Tinha o sonho de jogar fora e tive a oportunida­de de ir para a Arménia. No primeiro dia parti um pé, não joguei.

Foi sozinho? —Sim. Vivia com um colega mexicano. Sempre que íamos para a capital eram seis complicada­s horas de viagem. Pensava que ia encontrar uma coisa e encontrei outra. Tive a lesão e pensei ‘E agora? O que vou fazer à minha vida?’. Disse à minha família que ia ficar e dar o meu melhor para mudar a situação e levá-los para lá, mas não deu. Foi o pior momento da minha carreira. Sofri muito, a minha esposa teve problemas de ansiedade e depressão, só quem vive isso é que pode compreende­r. Essa experiênci­a fortaleceu-o de alguma maneira? —Sim.Hoje,vejoascois­ascom outros olhos. Quando se passa por uma situação dessas, uma pessoa fica chateada e triste, mas serve como experiênci­a. Passei a valorizar coisas que antes não valorizava tanto. Seguiu-se a Coreia do Sul. Como foram as coisas lá? —Fui muito bem recebido, eles tinham um respeito enorme, apesar de não ter um nome muito conhecido no Brasil. Conseguimo­strarotrab­alho. A cultura deles é muito diferente. Respeitamt­e ao máximo. Uma vez perdemos um jogo por três ou quatro zero e os nossos adeptos aplaudiram-nos de pé, pela luta, entrega e respeito. Tinha uma ideia dos coreanos, mas vi que era totalmente diferente. São muito profission­ais, muito qualificad­os, mas não

têm muita confiança naquilo que podem fazer. Se eles tivessem um pouco mais de confiança, talvez tivessem uma liga mais conceituad­a. Depois de as coisas terem corrido mal na Arménia, não teve medo de ir outra vez para um país muito distante? —Até tinha, mas tinha mais vontade de mudar esse cenário. Tentei tirar coisas mais positivas do que negativas. Isso fez-me mais forte, mais preparado, mais experiente para esse novo desafio.

Porquê a Bulgária a seguir? —Não tinha muitas possibilid­ades, não tinha muito mercado e a única coisa que apareceu era da Bulgária, por isso não podia pensar muito. Quando cheguei lá fiquei muito surpreendi­do, passei um ano e meio lá, mas os seis

“Têm sido os melhores meses da minha carreira, pela visibilida­de que o campeonato português dá e por jogar numa equipa grande” Gustavo Sauer Extremo do Boavista

primeiros meses foram difíceis, por causa do frio e neve... treinar com neve... enfim. Mas no geral foi muito bom, foi uma experiênci­a que valeu a pena. Finalmente, cidade do Porto. Surpreendi­do? —Não só eu fiquei surpreendi­do com a qualidade de vida aqui, como a minha família. A minha esposa disse que não sai daqui tão cedo [risos]. E o Gustavo pensa o mesmo? —Sim, sim! Sinto-me muito bem, quando uma pessoa joga e tem uma sequência como estou a ter no Boavista, tudo ajuda. Influencia muito estar feliz. Têm sido, sem dúvida, os melhores meses da minha carreira, pela visibilida­de que o campeonato português dá e por jogar numa equipa grande como o Boavista.

“Fui sozinho para a Arménia e no primeiro dia parti um pé. A minha esposa sofreu crises de ansiedade e depressão” “Conhecia a história do Boavista, sabia o quanto pesava esta camisola. Mas os adeptos impression­aramme” “Estou bem, mas acredito que posso render mais. Agora vou poder fazer a pré-época e melhorar o rendimento”

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