“Quero que a pressão da subida passe para o balneário”
Carlos Pinto tem duas subidas seguidas como treinador e assume que a ida para Matosinhos foi um aviso à concorrência
Na primeira entrevista depois de ter assinado pelos matosinhenses, o técnico falou dos reforços escolhidos a dedo, do desejo que a SAD demonstrou em contratá-lo e dos candidatos para 2019/20
Uma II Liga “das mais fortes dos últimos anos”. É o que antevê Carlos Pinto, treinador que quer alcançar no Leixões a quinta subida da carreira.
Na II Liga, o treinador normalmente mais cobiçado é o Vítor Oliveira. Tendo ele assinado pelo Gil Vicente, via-se como o técnico que mais interesse despertava antes de se vincular ao Leixões?
—O mercado disse um bocadinho isso. Quando fui apresentado, disse que falei com cinco ou seis clubes e escolhi o Leixões. Todos eles eram projetos interessantes. Agora, optei pelo Leixões pela vontade do presidente Paulo Lopo e do diretor desportivo André Castro em terem aqui o Carlos Pinto.
As gentes de Matosinhos querem muito este regresso à I Liga. Isso também o cativou?
—Claro que me cativou. Os adeptos vão ser muito importantes, especialmente nos períodos em que as coisas não correm bem. O grande reforço da equipa na próxima época tem de ser os adeptos. Jogar no Mar com 900 pessoas é muito pouco, temos de ter quatro, cinco mil pessoas. Cheguei a vir cá jogar com dez mil e esse Leixões tem de voltar. Só os resultados farão regressar algumas pessoas.
Mas acha que a aposta no treinador Carlos Pinto foi, desde logo, um catalisador para os adeptos?
—Sim e isso já se nota nas pessoas e na cidade. Existe essa ambição, mas as pessoas têm consciência que vai ser um campeonato muito difícil.
O facto de o Leixões ter conseguido a contratação de Carlos Pinto não passou, também, uma mensagem para os adversários?
—Antes de o Carlos Pinto assinar, já o Leixões tinha assumido a candidatura. Obviamente que tenho noção de que a contratação do Carlos Pinto, que tem duas subidas seguidas, passa uma mensagem de força. Porém, o mais importante é sermos equilibrados e conscientes para o que queremos no futuro. Temos ido buscar jogadores que queremos muito, mas também temos de ser pacientes na abordagem ao mercado.
É uma preocupação fazer com que esse entusiasmo não passe para dentro do balneário?
—De todo. Eu quero que essa pressão e essa exigência passe para dentro do balneário. Os jogadores sabem que ao virem para o Leixões vão lutar pela subida. Dizia aos jogadores em Famalicão – e voltarei a dizer aqui – que tinha inveja deles ao jogarem para cinco mil pessoas.
O que é que lhe têm dito as pessoas na rua?
—As pessoas gostam muito do clube e logo na primeira conferência de Imprensa fiquei superadmirado porque pensava que ia ter só jornalistas e tinha a sala cheia de adeptos. Tem duas subidas seguidas e ainda uma outra em que iniciou a época no Tondela, tendo saído a meio desse ano. Se conseguir uma quarta no Leixões, vê-se a fazer uma carreira semelhante à do Vítor Oliveira, procurando acrescentar mais promoções ao currículo? —Em primeiro lugar, o Vítor Oliveira é incomparável. Ninguém lhe chegará perto num futuro próximo. Eu, enquanto treinador, defini como objetivo tirar o IV nível na próxima época, trabalhar na I Liga e no estrangeiro, fazer um curso de inglês e ter sucesso no futebol que possa dar estabilidade aos meus filhos.
O 4x4x2 que utilizou e encantou no Famalicão é para manter no Leixões?
—A partir do momento em que tenho sucesso como treinador em 4x4x2 não faria sentido alterar. Também vamos trabalhar no 4x2x3x1, mas o 4x4x2 será o modelo principal e por isso é que estamos no mercado à procura de jogadores para este sistema. De onde é que acha que poderá vir a concorrência pela subida em 2019/20 na II Liga? —Neste momento começo logo por referir os três clubes que desceram: Chaves, Feirense e Nacional. Depois, outras equipas que estão a apostar como o Farense, Penafiel, Académica, Estoril... vai ser um campeonato muito mais equilibrado e um dos mais fortes dos últimos anos. A experiência de II Liga presente em quase todos os reforços é um fator importante na hora de contratar?
“Jogar no Mar com 900 pessoas é muito pouco. Temos de ter quatro ou cinco mil. Cheguei a jogar no Mar com dez mil e esse Leixões tem de voltar” “Falei com cinco ou seis clubes e escolhi o Leixões” “Na apresentação fiquei superadmirado porque a sala estava cheia de adeptos” “Na altura do Santa Clara dizia que era importante ter jogadores casados, pela responsabilidade que têm” “Como jogador era claramente acima da média”
—Sim, é importante. Como eu costumo dizer, são jogadores que usam um GPS dentro de campo pois já sabem que terrenos pisam. Além disso, na altura do Santa Clara lembro-me de ter dito que era importante ter jogadores casados, pela responsabilidade quepodemter.Aquiéumpouco isso, são jogadores que conheço pela responsabilidade e compromisso que vão ter dentro do plantel e claramente por aquilo que valorizo sempre nos atletas, que é o carácter. Já esteve na I Liga, então no Paços de Ferreira, mas saiu logo no início do campeonato. A história será diferente quando lá voltar? E poderá ser via Leixões? —Gostava de para o ano, quando tiver o IV Nível, treinar na I Liga ao leme do Leixões. É impossível prever se vou ou não ter mais sucesso.