TANAK E NEUVILLE EM DUELO
RALI DE PORTUGAL Piloto da Toyota perdeu 12,7 segundos a fechar o dia e belga da Hyundai colocou-se a apenas 9,2. Fafe já testemunhou duas reviravoltas
Amarante, com os seus 37 quilómetros, manteve a tradição de fazer mossa e num ápice terminou com o domínio da Toyota, que viu Latvala desistir e Tanak perder mais de metade da sua vantagem
A Toyota dominou de forma impressionante durante dia e meio – e 11 das 18 classificativas –, para em dois azares deixar perceber que vamos ter, pelo quinto ano consecutivo, um Rali de Portugal até ao fim, só faltando saber se mesmo até ao segundo salto de Fafe. Com Ott Tanak e Thierry Neuville separados por 9,2 segundos, tendo pelo meio Kris Meeke, a 4,3 segundos do seu colega da Toyota, tudo é possível nos 51,77 quilómetros que há para disputar ao cronómetro, atendendo a que essas diferenças se revelaram recuperáveis em todas as quatro edições terminadas em Fafe, duas delas com reviravolta no último dia – em 2015, Ogier partiu com 16,4 segundos sobre Latvala, seu colega na VW, e perdeu por 82,s; em 2016, Kris Meeke transformou 3,9s de atraso em 29,7s de vantagem sobre Andreas Mikkelsen.
Durante a manhã, o Marão pouco mudou entre os mais rápidos, com Meeke e Latvala a vencerem as três classificativas logo seguidos por Ott Tanak, que só de entrada sofreu um susto – corte de um tubo no sistema de travagem –, reparado pelos seus dotes de mecânico. A Toyota continuava a dominar e isso pareceu manter-se no regresso a Vieira do Minho, mas um pequeno toque de Jari-Matti Latvala viria a revelar-se fatal. O finlandês tinha danificado um amortecedor dianteiro e acabaria por abandonar.
Entre imenso calor e pó, Thierry Neuville e Sébastien Ogier preparavam a resposta. A segunda passagem pelos 37,6 km de Amarante, troço longo e que à tarde tem sempre pedras soltas, é um ponto decisivo desde que o rali regressou ao Norte. Tanak fazia um pião e ficava com um amortecedordanificado.“Tive sorte em continuar”, admitiu. Mas Neuville, que já tinha sido o mais rápido em Cabeceiras de Basto, ganhava só aí 12,7 segundos ao líder, colocandose a 9,2s; Ogier recuperava precisavamente 9,2s e ficava a 21 segundos, uma margem difícil mas não impossível de recuperar. “As diferenças para os da frente são um pouco grandes e numa etapa que todos conhecem de cor será complicado chegar mais à frente”, confessou o francês da Citroën, que pode ter de adiar mais um ano o recorde de seis vitórias em Portugal.
Se Ogier vai partir como uma espécie de “ousider”, já Thierry Neuville assume querer superar Tanak e Meeke. “Dei tudo no final e aproxi
mei-me da liderança. Estamos na luta pela vitória final, mas não podemos esquecer que o Tanaktemsidoohomemmais rápido até agora. É muito difícil lutar com ele”, disse o belga da Hyundai.
Entre os pilotos que discutem o Mundial, não se esqueça, há ainda um Kris Meeke que já ganhou em Portugal e agora anda sorridente. “Há um ano estava no hospital e a ser despedido”,riu-se,lembrando o acidente que lhe custou o lugar na Citroën.