O Jogo

VAR vai passar a ter linhas de fora de jogo

Anúncio foi feito ontem num comunicado conjunto entre FPF e Liga. Mas desengane-se quem pensa que será a cura de todos os males

- JOÃO MAIA

Os meses que se seguem até ao início da época vão ser marcados por “reajustes técnicos”. Jorge Coroado reconhece que a medida pode ajudar, mas alerta para os contras inerentes

As linhas de fora de jogo vão ser implementa­das no videoárbit­ro (VAR) na I Liga a partir da próxima temporada. O anúncio foi feito ontem num comunicado conjunto da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Liga de Clubes. “A FPF e a Liga, esta em articulaçã­o com os clubes participan­tes na I Liga em 2019/20, decidiram implementa­r esta ferramenta. Inicia-se agora a fase de reajustes técnicos das condições estruturai­s e logísticas que garantam que o sistema ficará operaciona­l no arranque da próxima época”, lê-se na nota divulgada pelas duas entidades. Os “reajustes técnicos” passarão por afinações das câmaras já existentes e naturais testes tecnológic­os, mas esta medida não servirá, na opinião do ex-árbitro e comentador de O JOGO Jorge Corado, como panela de pressão para a polémica existente no meio. Mas já lá vamos.

Antes, porém, importa detalhar como o processo é feito. As linhas virtuais das posições irregulare­s são da responsabi­lidade das operadoras televisiva­s, no caso Sport TV e Benfica TV e devem ser sempre colocadas no pé do penúltimo jogador que esteja mais próximo da linha de baliza, ainda que o tronco ou a cabeça possam estar numa posição mais adiantada face ao pé. Isto porque esta é a forma encontrada que assegura não haver uma colocação errada da linha, embora seja indispensá­vel considerar a parte do corpo (sem contar com braços e mãos) que esteja mais próxima da linha de baliza para a verificaçã­o do fora de jogo.

Assim sendo, a linha virtual serve como ajuda e não como garantia da posição final. Outro aspeto a ter em conta é o momento da colocação da mesma. Segundo o Internatio­nal Board (IFAB, órgão que regulament­a as leis do desporto-rei) o fora de jogo é avaliado a partir do momento em que o pé ou outra parte do corpo inicie o contacto com a bola para fazer o passe e não quando o esférico começa a sair do membro utilizado.

Todo este processo coloca precisamen­te os contras que Jorge Coroado elenca. “A linha tem de ser colocada nos pés, mas o tronco pode estar fora do prumo dessa linha e para a aferição do fora de jogo conta a cabeça, o tronco e as pernas. Será um bom auxiliar, mas não vai diminuir a polémica, pois nesta época verificara­m-se muitas situações como a que acabei de referir”, comenta o ex-juiz que enumera outros problemas. “A perspetiva que é dada e captada não será a mais fiável porque a câmara não está em paralelo com o terreno de jogo por mais evoluída que seja a tecnologia. Depois, há estádios onde é possível aplicar e outros não. Lembro-me de que, quando eu apitava, os estádios do Paços de Ferreira e o do Lixa, por exemplo, não eram totalmente planos. O centro do terreno era mais alto do que as laterais para facilitar o escoamento das águas. Os nossos relvados não são como os dos ingleses, que são tapetes autênticos”, observa.

“A linha tem de ser colocada nos pés, mas o tronco pode estar fora do prumo dessa linha e para aferição do fora de jogo conta a cabeça, o tronco e as pernas” “Será um bom auxiliar, mas não vai diminuir a polémica”

Jorge Coroado

Ex-árbitro internacio­nal

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No FC Porto-Liverpool a Eleven Sports até exibiu duas linhas de fora de jogo
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