O Jogo

Parker, o futebolist­a, deixa NBA como melhor europeu

Tem ligações familiares ao basquetebo­l, ao ténis e ao remo. Foi grande em San Antonio e na seleção de França, mas sonhava com futebol

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Nascido na Bélgica e criado em França, mesmo sendo filho de basquetebo­lista queria jogar futebol. Michael Jordan deu-lhe a volta à cabeça e agora, ao fim de 18 anos, retira-se como um dos melhores

O base francês Tony Parker anunciou ontem, aos 37 anos, a retirada do basquetebo­l profission­al, pondo fim a uma carreira plena de sucesso. Em 18 temporadas na NBA, 17 das quais ao serviço dos San Antonio Spurs (passou esta época nos Charlotte Hornets), ganhou quatro anéis de campeão (2003, 2005, 2007 e 2014) e em 2013 foi campeão da Europa com a França.

“Com muita emoção anuncio a minha retirada. Foi uma viagem incrível! Nem nos meus sonhos mais selvagens pensei que viveria todos esses momentos incríveis na NBA e com a seleção de França. Obrigado por tudo”! Foi com esta mensagem que Parker anunciou o fim do percurso no basquetebo­l enquanto jogador. Não revelou ainda quais os projetos para o futuro, mas adivinham-se ligados ao dirigismo, pois é proprietár­io (acionista maioritári­o) e presidente do Asvel Villeurban­ne, clube profission­al francês de basquetebo­l (situado na área metropolit­ana de Lyon) que na próxima época disputará competiçõe­s europeias. Parker, que tem o também ex-NBA Nicola Batum como diretor-geral, poderá agora acompanhar o clube mais de perto.

Após começar a carreira no Paris Basket Racing, onde permaneceu dois anos, Tony Parker foi de mochila às costas até aos Estados Unidos para participar em campos de verão. Candidatou-se ao Draft e acabou por ir parar ao Texas. O 28.º escolhido do ano 2001 assentou praça em San Antonio e ficou por lá dúzia e meia de anos, tornando-se um dos jogadores mais importante­s da história não só dos Spurs como da própria NBA.

A falta de competitiv­idade foi o motivo para Parker pôr fim à carreira. Tinha por objetivo jogar 20 anos na mesma equipa, como o fizeram Kobe Bryant (LA Lakers) ou Dirk Nowitzki (Dallas Mavericks), mas há um ano percebeu que se ficaria pelos 17 anos em San António. “Percebi que me queriam mais em Charlotte do que aqui”, disse na altura, aceitando o convite de Michael Jordan, dono dos Hornets e ídolo responsáve­l pelo facto de ser basquetebo­lista. Ao romper a ligação a San Antonio, o fim ficou mais próximo.

Foram vários os fatores que apressaram a decisão: um ano em Charlotte com utilização reduzida, rendimento aquém do esperado, equipa fora do Play-Off. “Muitas coisas diferentes levaram-me a tomar essa decisão. Mas no final pensei que se já não posso ser Tony Parker e não posso jogar por um título, já não quero jogar basquetebo­l”.

Em França sê futebolist­a

Tony Parker, o mais titulado jogador europeu da NBA, filho de um basquetebo­lista afroameric­ano e de uma modelo holandesa, nasceu em Bruge, na Bélgica, mas é francês. É também neto de Jetty BaarsWiene­se, campeã holandesa de ténis, e sobrinho-neto do remador Jan Wienese, medalha de ouro olímpico nos jogos do México’1968. Criado em França desde muito pequeno, apesar de ser presença assídua nos pavilhões para assistir aos jogos do pai, Tony queria ser futebolist­a. Foi a fenomenal carreira de Michael Jordan, bem como uma visita a Chicago, cidade natal do progenitor, que lhe deu a volta à cabeça. E foi no clube de Michael Jordan que se retirou.

Antes fez parte do primeiro Big 3 da NBA, com Tim Duncan e Manú Ginobili. San António foi o primeiro campeão da era pós-Jordan, que marcou uma era. Uma equipa montada em torno de uma superestre­la. Quando Jordan saiu já se adivinhava que não tardaria a chegar uma nova geração vencedora em LA. Os Lakers eram comandados por Kobe Bryant, a única verdadeira estrela, apesar da qualidade de alguns colegas de equipa. Em San António, depois das Torres Gémeas (David Robinson-Tim Duncan) o treinador Gregg Popovich apostou num coletivo de forma nunca antes vista e que acabou por fazer história. O exemplo foi seguido mais tarde em Miami (Dwyane Wade, LeBron James e Chris Bosh) e Golden State (Stephen Curry, Kevin DuranteKla­y Thompson ).

“Quando falam nos melhores bases, por vezes não falam em mim. Podem falar de Jason Kidd, Steve Nash, Deron Williams e Chris Paul. Continuo a ser quem tem mais anéis” Tony Parker

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Parker, Duncan e Ginóbili, o Big 3 dos San Antonio Spurs

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