A PIRÂMIDE BEM CONSTRUÍDA
Em três passos explica-se o êxito: recrutamento por todo o país, formação nos grandes ou em escolas de qualidade e internacionais A em equipas de topo
Internacionais nascidos em 36 clubes diferentes e a crescerem entre FC Porto, Sporting, Benfica, ABC, Águas Santas, Alto do Moinho e Carvalhos dão uma base sólida à terceira modalidade em federados
Sendo o andebol a terceira modalidade mais praticada do país, segundo números oficiais – o IPDJ indica 49 812 federados em 2017, apenas atrás de futebol e natação –, esse é um bom ponto de partida para explicar os êxitos atuais, mas por si só não basta. Uma pirâmide bem construída no desenvolvimento dos jogadores é que permite o crescimento sustentado e no andebol, concluiu O JOGO, os alicerces são fortes.
Analisando as convocatórias deste ano das três principais seleções nacionais (A, sub-21 e sub-19), fica-se com um grupo de 66 jogadores (três deles vindos de Cuba), que começaram a jogar num total de 36 clubes, de 11 associações. A maioria iniciou-se em grandes centros urbanos (Porto, seguido de Setúbal e depois Lisboa, Braga e Aveiro), mas também há internacionais de Algarve, Viseu, Madeira, Leiria, Santarém e Coimbra, provando estender-se a captação de talentos a todo o país.
Quando se observam os clubes onde os jogadores atingiram um nível mais alto e as primeiras internacionalizações, o panorama muda. A maioria passou por FC Porto (16), Sporting (11) e Benfica (10), num sinal de atenção dos grandes, que captam e formam os mais talentosos. Um bom sinal, portanto. Mas muitos também passam por ABC (8), Águas Santas (6), Colégio dos Carvalhos (5), Alto do Moinho e Belenenses (4), o que não é um acaso. Todos esses clubes são conhecidos como grandes escolas de andebol, pelo que o desenvolvimento dos internacionais se faz em ambientes de qualidade e competitivos: Sporting (9), Benfica (8), Águas Santas (8) e ABC (5) têm monopoli
zado os títulos da última década nos escalões jovens (infantis, iniciados, juvenis e juniores) e Carvalhos e FC Porto também os têm, enquanto Belenenses e Alto do Moinho obtiveram pódios.
O último patamar, o dos clubes atuais, também leva a conclusões interessantes. Seis dos habituais convocados da seleção principal jogam no estrangeiro e todos em campeonatos superiores ao português (Espanha e França). Os restantes estão maioritariamente nos três grandes. E se a lista dos sub-21 não o aparenta, a realidade é que sete deles estão emprestados por FC Porto, Benfica ou Sporting. Entre os mais jovens há depois jogadores de ABC e Águas Santas, mais o interessante fenómeno que é o Avanca, nos últimos anos, e após a parceria com o FC Porto, transformado num viveiro de talentos.