“O país nunca teve política desportiva”
DURO Miguel Laranjeiro diz que o incentivo da prática desportiva pode antecipar soluções para a saúde e não só
Dirigente admite que, desde o início do mandado, em junho de 2016, pretendia criar a figura do Diretor Técnico Nacional, mas só agora houve possibilidades, deixando elogios a Paulo Sá e Vera Lopes
Presidente da Federação fala das recentes decisões. Qual a intenção de recuperar a figura do Diretor Técnico Nacional? —Desde o início do mandato que queríamos este lugar preenchido, para podermos perspetivar e trabalhar para o futuro, em dimensões como o planeamento das épocas, a definição dos objetivos desportivos, a articulação com os clubes e entre as diversas seleções. Só agora foram criadas as condições mínimas para avançarmos. O que o levou a escolher o Paulo Sá e a Vera Lopes? —O Paulo Sá, para o masculino, e a Vera Lopes, para o feminino, são duas pessoas do andebol com larga experiência. O Paulo Sá é reconhecido como um dos técnicos que melhor conhece o andebol nacional. Alia um conhecimento teórico sólido, com um conhecimento das pessoas e da realidade que garantem o que se pretende. Dará um contributo decisivo para a consolidação da visão para a próxima década. A Vera Lopes foi uma das melhores atletas nacionais e com uma experiência internacional que irá ajudar a fazer no andebol feminino aquilo que conseguimos no masculino. O feminino tem uma grandemargemdecrescimento e será reconhecido como uma das apostas certas da FAP. Como enquadra o andebol no contexto da política desportiva nacional? —O país nunca tem uma política desportiva nacional. É pena e tem consequências gravíssimas, que parecem não preocupar os poderes públicos. O financiamento caiu muito nos anos da crise e nunca mais voltou a esses valores. O Desporto devia ser uma causa nacional, apadrinhada pelo Presidente da República, Governo, autarquias, empresas e sociedade civil. O que está a acontecer com a falta de atividade física e consequente obesidade e doenças associadas é uma catástrofe nacional. Daqui a 20 anos, os responsáveis na altura vão perguntar o que fizeram os antecessores em 2019 para antecipar os problemas na saúde e na pressão financeira no serviço nacional desaúdequepodiatersidoevitada. Alguns dos problemas do andebol são comuns a outras modalidades, porque resultam dessa falta de visão do país no seu todo, mesmo que haja agentes políticos empenhados.