O Jogo

O POTE DO OURO ESTAVA NO CAIR DA FOLHA SECA

Num jogo de controlo absoluto, um livre de Sérgio Oliveira já perto do fim fez justiça e colocou o FC Porto na rota dos milhões da Champions

- Textos CARLOS MACHADO

O FC Porto tem mais de meio caminho andado para atingir o play-off da Liga dos Campeões. Uma equipa lúcida e experiente, ganhou na Rússia e experiment­ou boas sensações

Um livre direto de Sérgio Oliveira – em folha seca, com a bola a subir, sobrevoar a barreira e a entrar na baliza a um minuto do fim – deu ao FC Porto tudo aquilo que desejava: não sofrer golos e marcar pelo menos um. Curiosamen­te, o golo aconteceu numa altura em que, para os portistas, o mais importante já era não perder, esgotadas que poderiam estar as tentativas de ganhar, mas a equipa nunca perdeu de vista a baliza de Safonov e acabou por ver o esforço premiado. Pelo que tinha jogado na primeira parte, e ainda mais pelas oportunida­des desperdiça­das, a equipa portista justificav­a amplamente a vitória, até porque o Krasnodar enquadrou o primeiro remate com a baliza aos 80’! Não por falta de iniciativa ou de qualidade, mas por culpa de um FC Porto capaz de controlar os tempos de jogo e o andamento durante a maior parte do tempo. Exceção feita ao quarto de hora final, quando o jogo se partiu um pouco e os russos conseguira­m apanhar a equipa azul e branca desequilib­rada em duas ocasiões, tudo o que aconteceu antes foi responsabi­lidade portista.

O FC Porto teve a abordagem perfeita a este jogo. Pela importânci­a de que se revestia, tanto a nível desportivo como financeiro – a tendência para valorizar mais os milhões do que o aspeto desportivo existe eéim portante –, a partida foi atacada como propósito de impor regras,gerir cada momento, saber como estar, conhecer o adversário ao ponto de o neutraliza­r e não correr riscos desnecessá­rios, por saber que quando o árbitro apitasse para o fim tinha chegado o… intervalo.

Sérgio Conceição montou uma equipa realista, de pendor ofensivo mas sem pretensões aventureir­istas. A inclusão do miúdo Romário Baró numa posição mista entre ser terceiro médio e ao ataque, deixando via aberta a Manafá no corredor, e defender à direita, conferia uma assimetria ponderada que ajudava a ganhar superiorid­ade no meio-campo, onde Danilo e Sérgio Oliveira comandavam as operações de controlo e asfixia do Krasnodar. Na esquerda, Corona funcionava como extremo e tinha a missão de ser o municiador da diferença para fazer funcionar a dupla Marega/Soares, sendo de estranhar o facto de o maliano cair poucas vezes na ala direita, se compararmo­s com o modo de jogar da época passada.

Durante mais de meia hora o FC Porto desperdiço­u duas boas oportunida­des para marcar – a de Marega, isolado, foi de bradar aos céus! – mas nem um mísero cruzamento consentiu ao adversário. O controlo era perfeito, a posse de bola, quando não dava para construir, passava pelo guarda-redes – até ao minuto 80, Marchesín foi apenas um líbero com boa distribuiç­ão de jogo–e recomeçava à procura de melhor solução. Só mesmo nos momentos finais do primeiro tempo, os russos insistiram pela esquerda e Namli deixou Manafá em apuros, porque Baró ou não ajudava ou falhava os tempos de entradaàbo la. Ficou a ideia de que, após o nervosismo inicial, o miúdo acalmoudem­ais, perdeu ligação ao jogo. Sérgio Conceição percebeu-o e agiu, mas teve o cuidado de o defender dando-lhe mais dez minutos no segundo tempo, para não o tirar ao intervalo logo na primeira aparição a sério num grande palco.

Apesar de Krasnodar ter crescido após o descanso, o FC Porto manteve o controlo e tornou-se mais perigoso após a entrada de Luis Díaz, mas manteve o 4x4x2 assimétric­o, agora com Corona à direita e o colombiano a partir da esquerda para o meio. As substituiç­ões musculadas da equipa russa ajudaram a um primeiro equilíbrio de forças, os anfitriões queriam partir o jogo e ter a bola a andar de área a área, mas o FC Porto resistiu o mais que pode à tentação de se desorganiz­ar, apesar de na parte final ter permitido alguns ataques ao Krasnodar, um dos quais (80’) para mostrar que Marchesínt em mãos e reflexos rápidos. Esseéo risco, com toda a certeza assumido, de apostar na tal assimetria anteriorme­nte referida. Do lado em que o ala joga por dentro, como terceiro médio, o lateral fica mais desprotegi­do. Se na primeira parte foi Baró a deixar Manafá desapoiado, na segunda, com Luis Díaz em campo, foi Alex Telles o sacrificad­o. E a equipa da casa percebeu-o muito bem em ambas as circunstân­cias. Por outras palavras, os laterais portistas tiveram sossego quando tiveram Corona pela frente, quando não tiveram sofreram. Os apertos defensivos foram evidentes na parte final, mas Sérgio Conceição começou por fazer substituiç­ões para ganhar e só a última – Otávio para o lugar de Corona aos 85’ – passou à equipa a mensagem de que tinha entrado no tempo de voltar a controlar todos os movimentos. A prioridade passava a ser não perder. Um livre à medida de Sérgio Oliveira ajudou afazer justiça e colocou a equipa em posiçãop ri vil egiadís sim aparas eguiremfr ente rumo ao play-off.

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