O Jogo

PERDA DE TEMPO Em qualquer caso, foi (e é)

- Fora da caixa Joel Neto

S im, o Sporting teve alguma graça no modo como registou o fecho do mercado inglês e a continuida­de de Bruno Fernandes em Alvalade. Mas o facto é que não há motivos para gabarolice­s. Alguma coisa correu muito mal neste processo. Ou Bruno era para vender aos ingleses e, nesse caso, a estratégia falhou. Ou Bruno era para vender a qualquer clube que pagasse os tais 70 milhões e, sendo assim, fazer agora um balanço não passa de hipocrisia (além do que, a fazê-lo, ele continua negativo). Ou Bruno nunca esteve à venda, e então foi um erro colossal Varandas permitir que se andasse semanas a falar nisso sem dar um murro na mesa: “Não vendo e pronto.” Porque, se a terrível pré-época e a arrepiante derrota no dérbi não forem suficiente­s, então é atentar-se no discurso de Marcel Keizer. Pelo menos até esta semana, o treinador simplesmen­te não sabia com o que poderia contar. E a diferença entre contar ou não com o capitão – aquele capitão – é colossal. Ele próprio o disse: “Um jogador assim é insubstitu­ível.” E as exibições da equipa até este momento mostram a sua hesitação. Uma equipa, ao contrário do que se costuma dizer, não se constrói de trás para a frente nem da frente para trás: constrói-se a partir de um núcleo. Esse núcleo pode ser um sector, uma dupla, até um só jogador. E quem tem Bruno Fernandes, sobretudo se rodeado de um plantel tão mediano, não pode ter outro núcleo. Portanto, Keizer andou sempre a perder tempo. E, inevitavel­mente, a piada das camisolas “long sleeve” não passa disso: uma piada. Que teve graça durante cinco minutos, mas para o treinador nem isso. O Sporting precisa de dinheiro. Bruno quer sair. As condiciona­ntes são muitas e não é fácil resolver a situação a contento. Mas brincar às autoridade­s, neste contexto, só convence quem quer ser convencido.

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