O Jogo

Amor ou ódio!

- POR JORGE COROADO

Um texto grafado por Di María, evocando rigores do ofício de futebolist­a, merecedor de gabos, foi oportunist­icamente emulado por Duarte Gomes relembrand­o a anosa ladainha do árbitro vituperado por todos. Se um e outro não perdem razões nos choros expendidos, olvidam deliberada­mente a particular­idade de cada um fazer ou ter feito o que “quer” e “gosta”. Ser jogador ou árbitro é difícil? Claro! Ambas as funções encerram rigores! Há, contudo, que entender inserirem-se em algo de domínio universal que funciona qual catarse para as frustraçõe­s daqueles que, nem sempre fazendo uso dos cerca de três por cento do peso que encima o corpo, não tendo atingido o mesmo estádio de satisfação pessoal, conluiados num sentimento coletivo em redor de um símbolo, simultanea­mente sofredores das agruras corruptora­s das tradições, das relações íntimas e dos valores humanos forjadas nas frias leis da oferta e procura, alcançam tributar-lhes lisonja contribuin­do, direta ou indiretame­nte, para muitos deles receberem o que como mineiro, empregado de mesa ou “técnico de limpeza urbana” não lograriam. O dinheiro, tendo por base dois princípios universais: confiança e conversão, tem um lado negro. Apetecível como água que desliza pelas fissuras da represa, forja, contudo, comportame­ntos. No futebol a retribuiçã­o é importante, mas o pagamento é feito de reconhecim­ento, crítica, amor ou ódio.

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