Amor ou ódio!
Um texto grafado por Di María, evocando rigores do ofício de futebolista, merecedor de gabos, foi oportunisticamente emulado por Duarte Gomes relembrando a anosa ladainha do árbitro vituperado por todos. Se um e outro não perdem razões nos choros expendidos, olvidam deliberadamente a particularidade de cada um fazer ou ter feito o que “quer” e “gosta”. Ser jogador ou árbitro é difícil? Claro! Ambas as funções encerram rigores! Há, contudo, que entender inserirem-se em algo de domínio universal que funciona qual catarse para as frustrações daqueles que, nem sempre fazendo uso dos cerca de três por cento do peso que encima o corpo, não tendo atingido o mesmo estádio de satisfação pessoal, conluiados num sentimento coletivo em redor de um símbolo, simultaneamente sofredores das agruras corruptoras das tradições, das relações íntimas e dos valores humanos forjadas nas frias leis da oferta e procura, alcançam tributar-lhes lisonja contribuindo, direta ou indiretamente, para muitos deles receberem o que como mineiro, empregado de mesa ou “técnico de limpeza urbana” não lograriam. O dinheiro, tendo por base dois princípios universais: confiança e conversão, tem um lado negro. Apetecível como água que desliza pelas fissuras da represa, forja, contudo, comportamentos. No futebol a retribuição é importante, mas o pagamento é feito de reconhecimento, crítica, amor ou ódio.